Conflito de interesse: MP recomenda adiar posse de novo presidente da Petrobras

3 de abril de 2022
Petrobras presidente conflito interesses
Reprodução

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) entrou na 6ª feira (1º/4) com um pedido na Corte para apurar a ingerência do governo federal na Petrobras e adiar a posse de seu novo presidente, Adriano Pires. De acordo com a ação, assinada pelo subprocurador Lucas Furtado, a atuação pregressa de Pires como consultor e executivo de empresas do setor de óleo e gás pode representar um “conflito de interesses” no comando da estatal.

“[Pires] mantém relações econômicas de caráter privado com diversas empresas nacionais e internacionais que se relacionam com a Petrobras, inclusive concorrentes diretas da estatal no mercado internacional, como as petrolíferas americanas Chevron e ExxonMobil e a britânica Shell”, observou Furtado no pedido ao TCU. “Revelam, a meu ver, um quadro de extrema gravidade para a necessária isenção que se espera de um futuro dirigente da maior empresa brasileira, exigindo que sejam previa e cabalmente afastados quaisquer riscos de conflito de interesse”. Estadão, Folha, g1, O Globo e Poder360 repercutiram a ação.

Enquanto isso, o presidente demitido da estatal, general Joaquim Silva e Luna, afirmou à VEJA que o presidente Jair Bolsonaro tentou intervir nas decisões administrativas da Petrobras para indicar diretores e controlar os preços dos combustíveis. “Tem coisas que para mim são sagradas, e a mais importante é a minha biografia. Quero minha reputação íntegra, para quem quiser olhar. Não aceito que ninguém jogue pedra nisso aqui e, por consequência, na própria empresa”, disse Silva e Luna. O Valor também destacou a fala do ainda presidente da Petrobras, quem também conversou com a CNN Brasil, onde defendeu o reajuste no preço dos combustíveis como uma maneira para evitar o desabastecimento no Brasil.

Na paralela, a Folha destacou dados de um estudo da EPE sobre o potencial das refinarias brasileiras de ampliação da produção nacional de combustíveis para atender à demanda doméstica e diminuir a pressão das altas internacionais do petróleo. De acordo com a análise, se as refinarias utilizarem toda a sua capacidade produtiva, a produção de óleo diesel poderá crescer em até 15%, diminuindo as necessidades de importação diária quase pela metade. Na produção da gasolina, o aumento seria de até 10%, injetando mais de 48 mil barris por dia, o que reverteria a necessidade de importação e permitiria ao país exportar o combustível.

Em tempo: O ministério da economia lançou uma consulta pública sobre uma minuta de edital para a qualificação de projetos de “execução de poço transparente em reservatórios de baixa permeabilidade” de petróleo e gás natural. O nome pomposo esconde o que está sendo analisado pelo governo – a tecnologia de fracking, amplamente criticada mundo afora pelos efeitos colaterais da exploração de óleo e gás no entorno dos poços e proibida por lei em vários estados e municípios brasileiros. A consulta vai até 29 de abril.

 

ClimaInfo, 4 de abril de 2022.

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