Carlos Nobre é eleito para a Royal Society

carlos nobre

A Royal Society, a Academia Científica mais antiga e prestigiosa do mundo, elegeu na semana passada o climatologista brasileiro Carlos Nobre como membro estrangeiro. Ele será apenas o 2o brasileiro na história a entrar nesse seleto grupo, depois do imperador D. Pedro II, ainda no século XIX. Nobre tornou-se um dos nomes mais importantes da ciência brasileira, com décadas de pesquisa nas áreas de clima e Amazônia, publicações nos principais periódicos científicos do mundo e colaboração com órgãos importantes como o IPCC.

Em entrevista à Folha, Nobre associou sua escolha como fellow da turma 2022 da Royal Society à preocupação internacional crescente com o futuro da Amazônia. “Salvar a Amazônia do ponto de não retorno se tornou uma preocupação mundial”, observou. “Os desmatamentos explodiram nos últimos anos, com degradação, fogo. A floresta era muito resiliente ao fogo, agora ela está muito menos úmida, o fogo está comendo o chão da floresta”. Mesmo em face à destruição, Nobre tem a esperança de que a conscientização crescente da sociedade, especialmente da juventude, sobre a importância da proteção da Amazônia e da ação contra a mudança do clima possa servir como um ponto de virada. “Temos que torcer muito para que essa nova geração consiga, no momento [em] que eles se tornarem participantes ativos da economia, do mundo político, das empresas, ter muita criatividade de inverterem essa trajetória, zerar as emissões, os desmatamentos de todas as florestas do planeta. Eu tenho um moderado otimismo”.

Deutsche Welle, Estadão, g1 e Nexo Jornal, entre outros, também repercutiram a escolha de Nobre como novo membro da Royal Society.

Em tempo: Por falar em ciência brasileira, o físico Luiz Davidovich, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), conversou com Ocimara Balmant no Estadão sobre as possibilidades e os caminhos para a pesquisa científica avançar no Brasil, especialmente aquela relacionada com as vantagens comparativas do país no cenário da transição energética verde. Para ele, o país abdica dessas vantagens – como uma matriz energética majoritariamente renovável, recursos hídricos abundantes, biodiversidade rica – ao promover um projeto de desenvolvimento econômico mais interessado em devastar a natureza para gerar riqueza para poucos. “O garimpo de ouro da Amazônia está destruindo o nosso verdadeiro ouro. Nosso ouro é a nossa biodiversidade”.

 

ClimaInfo, 16 de maio de 2022.

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