Livro: A economia verde sob as lentes de gênero e inclusão

Publicação marca as comemorações do Dia Internacional da Mulher e será lançada em roda de conversa no próximo dia 10 de março, no YouTube

“Se quisermos realmente uma sociedade mais justa e mais verde, não é possível ignorar as questões de gênero que permeiam o atual modelo econômico, muitas vezes ignoradas ou subestimadas nos planos para o enfrentamento da crise climática”, afirma Tatiana Matheus, pesquisadora em Justiça, Equidade, Diversidade e Inclusão no Instituto ClimaInfo.

A jornalista entrevistou dezenas de mulheres que dedicam vida e trabalho para uma sociedade mais justa na ótica social e ambiental. As entrevistas foram reunidas no livro “Vozes femininas pela recuperação econômica verde e inclusiva”, que será lançado em uma roda de conversa virtual que vai ocorrer nesta sexta-feira (10/3), das 10h às 12h, no canal do Observatório do Clima no YouTube.

A publicação, que será disponibilizada em formato online nos próximos dias, é resultado de uma parceria entre o grupo de trabalho Gênero e Clima da rede de organizações da sociedade civil Observatório do Clima com o  Instituto ClimaInfo.

Além da autora, vão participar do debate Margarita Olivera, professora do Instituto de Economia da UFRJ e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Economia e Feminismos (NueFem); a advogada e consultora na área de financiamento e políticas públicas climáticas, Priscilla Santos; e a coordenadora de Transição Energética e Sustentabilidade na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, Nathália Chaves.

Saiba mais sobre o livro*:

O atual modelo de produção não nos trouxe apenas à crise climática, como também a um grande desequilíbrio de oportunidades, reconhecimento e até mesmo respeito entre os gêneros. As mulheres não são (e nem devem ser vistas como) vítimas, tampouco como heroínas. Mas estão, sim, entre os grupos mais vulneráveis à crise climática em diferentes aspectos, não apenas por questões de gênero. 

Raça, etnia, classe social, região geográfica podem fazer com que estes impactos sejam ainda maiores. Em contraponto, mesmo representando a metade da população mundial, as mulheres não estão proporcionalmente nas esferas de decisão, nem nas possíveis mesas que buscam soluções, inclusive, nas COPs.

Se quisermos realmente uma sociedade mais justa e mais verde, não é possível ignorar as questões de gênero que permeiam o atual modelo econômico e que são muitas vezes ignoradas ou subestimadas nos planos para o enfrentamento da crise climática. 

Para aprofundar esse debate e fornecer insumos que possam contribuir com respostas e soluções, a jornalista do ClimaInfo, responsável pelos estudos de Justiça, Equidade, Diversidade e Inclusão no instituto, Tatiane Matheus, entrevistou dezenas de mulheres que dedicam as suas vidas e trabalho para uma sociedade mais justa na ótica social e ambiental. 

 “As entrevistadas têm diversos percursos, cores, origens (social e geográfica), idades e formação. O fio condutor das pautas das entrevistas realizadas foi a perspectiva de gênero em relação ao racismo ambiental e à justiça climática em relação aos problemas estruturais da economia, das políticas públicas, do comércio exterior e até mesmo de temas específicos como Saneamento, Habitação, Mobilidade ativa, Energia, entre outros. De forma teórica e empírica, sob a ótica de quem estuda o tema ou de quem o vive”, explica a autora.

Para evitar diferentes tipos de julgamentos meritocráticos e até de racismo epistêmico, os títulos levam apenas o primeiro nome das entrevistadas, embora elas sejam identificadas e suas trajetórias também.  Porém, o recurso é proposital e há a provocação para o livre pensamento sobre se essas pessoas precisam ser salvas, se são heroínas (por serem as mais impactadas pela emergência climática) ou se apenas precisam ser ouvidas e ter sua visão levada em conta pela sociedade.

O conceito de interseccionalidade permeia a obra na decisão das entrevistadas. Devido à abrangência e à necessidade de abrir escuta para várias perspectivas, o livro apenas levanta algumas questões que precisam ser debatidas para uma sociedade de baixo carbono com justiça climática, pois ainda há muitas e distintas vivências interseccionadas no gênero que precisam ser ouvidas e levadas em conta.

“Tatiane Matheus fez um trabalho primoroso de escuta de mulheres que apresentam tecnologias ancestrais e sociais à ação climática nos territórios do Brasil. Hoje, o jornalismo brasileiro peca por priorizar números em detrimento das narrativas e vivências como uma ciência de dados também. Assim como a justiça climática, a interseccionalidade tem diferentes significados e significantes a partir da realidade territorial. Historicamente, a articulação para sobrevivência e mudanças estruturais começam na base. O que precisamos é de uma escuta que tenha desdobramentos em políticas públicas sólidas e consistentes. Afinal, novos tempos demandam novas vozes”, pontua Andréia Coutinho Louback, jornalista e especialista em justiça climática, que assinou o prefácio do livro.

(*)  Texto produzido pela Assessoria de Imprensa do Observatório do Clima

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.