Quase 1.700 fazendas no país ocupam áreas de Terras Indígenas

2 de maio de 2023

Um levantamento do observatório De Olho nos Ruralistas identificou mais de 1,6 mil propriedades rurais sobrepostas a Terras Indígenas em todo o Brasil, somando uma área de 1,18 milhão de hectares, o equivalente ao território do Líbano. A esmagadora maioria (95,5%) das sobreposições entre território indígena e fazenda acontece em terras com demarcação ainda pendente.

No total, 18,6% do território indígena ocupado por fazendas estão sendo utilizados para a produção agropecuária, dos quais 55,6% servem de pasto e outros 34,6% para o cultivo de soja. A análise também identificou o desmatamento de 46,9 mil hectares de floresta no período de 2008 a 2021, considerando apenas as áreas de incidência em TI.

O relatório “Os Invasores” destaca também os interesses econômicos por trás da ocupação de territórios indígenas. Gigantes do agro, como Amaggi, Bunge e Cosan figuram entre os proprietários de terras nesta condição. Da mesma forma, o levantamento também destrinchou as conexões financeiras que viabilizam a incidência de fazendas em TI, com a atuação de grandes bancos como Bradesco e Itaú, além de fundos e gestores de investimento como XP, Gávea Investimentos, IFC e Mubadala.

A ocupação de território indígena por fazendeiros e empresas também está relacionada à escalada da violência contra os Povos Tradicionais. O relatório apontou para uma correlação direta entre as sobreposições e os dados de conflitos e mortes de indígenas, em especial nos territórios dos Povos Kanela/Timbira, no Maranhão; Guarani Kaiowá e Terena, no Mato Grosso do Sul; e Pataxó, na Bahia.

“É o capital nacional e internacional, legal ou ilegal, que assina a violência. O planeta que olha para o Brasil a cobrar a preservação da Amazônia é o mesmo planeta que precisa conhecer melhor quem financia as destruições”, comentou o diretor do observatório, Alceu Luís Castilho. Agência Brasil e Brasil de Fato repercutiram esses dados.

Em tempo: Depois de anos de omissão, o governo federal começa a cumprir uma determinação judicial que pede a retirada de invasores da Terra Indígena Alto Rio Guamá, no Pará. De acordo com Rubens Valente na Agência Pública, as autoridades federais deram até o próximo dia 1º de junho para que os invasores deixem o território voluntariamente. A partir de julho, os agentes do IBAMA e de outros órgãos governamentais deverão fazer um “pente fino” no território, destruindo acessos e instalações ilegais.

ClimaInfo, 3 de maio de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar