ONS ainda não encontra causas técnicas para apagão, e PF abre inquérito

ONS apagão
Flickr / Ministério de Minas e Energia

Operador diz que queda de linha no Ceará não seria suficiente para causar desligamento, mas lobistas pró-gás fóssil, sem provas, inventam teorias contra fontes renováveis.

O Operador Nacional do Sistema (ONS) ainda não conseguiu encontrar causas técnicas para o apagão de 3ª feira (15/8), que atingiu 25 estados e o Distrito Federal, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A pedido de Silveira, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso, mas o ministro ressaltou que ainda não é possível saber se houve falha proposital, humana ou outro problema.

Segundo o ONS, houve uma falha na linha de transmissão Quixadá II/Fortaleza II, no Ceará, operada pela Eletrobras Chesf, que deu origem à interrupção do fornecimento elétrico. No entanto, somente esse incidente não causaria um desligamento do sistema como o que ocorreu, explicam Folha, g1 e epbr.

As investigações devem ser concluídas em cerca de 30 dias, disse o operador. Na próxima 6ª feira (25/8), o ONS se reúne com agentes envolvidos, além de Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e Ministério de Minas e Energia (MME).

Ex-diretor geral do ONS e presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE), Luiz Eduardo Barata disse à Folha ser “surpreendente” e “inacreditável” que não se soubesse o que ocorreu já no dia do apagão. “Posso afirmar com certeza que, pelo seu nível tecnológico, ele já devia saber quais foram as linhas com problemas”, explicou.

Em entrevista ao Valor, Barata também criticou o ataque infundado de defensores das termelétricas a combustíveis fósseis às energias eólica e solar. Para ele, o apagão despertou os “especialistas de ocasião”, que fazem diagnósticos do setor elétrico antes mesmo de saber o que aconteceu. E os lobistas pró-térmicas ainda defendem uma fonte que, além de mais cara, aumenta as emissões e, com isso, as mudanças climáticas.

“Ouvi coisas que têm deixado a mim e a todos na Frente Nacional de Consumidores de Energia preocupados, como diagnósticos que culpam renováveis e propostas de aumento do sistema de transmissão, sem que saibamos exatamente o que aconteceu e sem ter uma análise de quem tem competência para tal. E quem paga a conta não é chamado para discutir essa matéria.”

Mesmo sem conseguir detectar a causa do apagão, o ONS reduziu fortemente a geração eólica e solar no Nordeste no dia seguinte ao desligamento, segundo a CNN. A medida foi interpretada por empresas e associações do setor como uma estratégia de precaução, a fim de evitar sobrecarga no sistema. Mas pode resultar em custos adicionais para os consumidores, caso se prolongue por muitos dias ou semanas. A conta, afinal, sempre cai do lado mais fraco.

As investigações sobre o apagão foram destaque também no Poder 360, Terra, Agência Brasil e g1.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2023.

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