Petrobras e Casa Civil insistem em explorar petróleo na foz do Amazonas

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Pedro França / Agência Senado

Prates minimiza risco, mas admite que produção vai demorar cinco anos ou mais. Costa não vê contradição entre explorar petróleo na foz e transição energética.

Para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, explorar petróleo na foz do Amazonas e na Margem Equatorial é um “paradoxo” necessário. E o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não vê contradição em produzir petróleo na região e defender a transição energética.

Assim, entre paradoxos e contradições, o executivo que comanda a maior estatal do país e o principal ministro do governo insistem em produzir petróleo em uma região de alta sensibilidade ambiental, num momento em que os combustíveis fósseis estão próximos de atingir seu pico de demanda e quando precisam ficar no solo, para que o mundo consiga controlar a crise climática. Isso mesmo diante de um ato de sincericídio de Prates, que admitiu que o início da extração de petróleo na foz demoraria cinco anos ou mais, contados a partir do início da perfuração de um poço na área.

O presidente da Petrobras participou de uma audiência na comissão de Serviços de Infraestrutura e Desenvolvimento Regional do Senado na 4ª feira (16/8). Lá, disse que a transição energética no país será uma “metamorfose ambulante“, ao ser questionado por congressistas sobre a dualidade entre o discurso de transição energética do presidente Lula e as apostas na perfuração de um poço de petróleo na foz do Amazonas, cuja licença não foi concedida pelo IBAMA, informa o Poder 360.

Em defesa do indefensável, Prates falou que a Petrobras e outras petroleiras têm histórico de atividade na foz, segundo o Valor. De fato, já é sabido que há quase cem poços já perfurados na região. Mas o que o executivo não falou é que eles deram seco, ou mostraram quantidade não-comercial de combustíveis fósseis, ou foram interrompidos por problemas mecânicos.

A própria Petrobras interrompeu a abertura de um poço em 2012, em área próxima ao bloco FZA-M-59, onde quer perfurar agora. O motivo: a sonda de perfuração que estava a serviço da estatal foi arrastada por correntes oceânicas.

Já Rui Costa, segundo o UOL, quer explorar petróleo na foz do Amazonas para (surpresa!) usar o dinheiro dos combustíveis fósseis para financiar a transição energética – argumento falacioso costumeiramente usado pelos defensores dos combustíveis fósseis. Mas o financiamento à transição seria facilmente resolvido se os subsídios aos hidrocarbonetos fossem convertidos em investimentos em fontes renováveis.

Carta Capital, Brasil 247, O Globo, Agência Brasil, GGN, O Liberal, ADVFN e Poder 360 destacaram as falas de Prates e Costa sobre petróleo na foz do Amazonas e na Margem Equatorial.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2023.

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