Equador vai às urnas e decide sobre exploração de petróleo na Amazônia

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Yasuni National Park, Ecuador - MattHewitt

Em plebiscito histórico, equatorianos vão às urnas domingo decidir sobre fim da exploração de petróleo em área do Parque Yasuní, no coração da Floresta Amazônica.

Em plebiscito histórico, equatorianos vão às urnas domingo decidir sobre fim da exploração de petróleo em área do Parque Yasuní, no coração da Floresta Amazônica.

No domingo (20/8), o povo equatoriano vai às urnas escolher um novo presidente, numa campanha marcada nos últimos dias pela violência, que culminou no assassinato do candidato Fernando Villavicencio. Apesar do medo, também neste fim de semana os eleitores do país vão tomar uma decisão que pode marcar o fim da exploração de petróleo na Amazônia equatoriana e que, esperamos, pode servir de exemplo para outros países pan-amazônicos que não chegaram a esse acordo na Cúpula da Amazônia.

O megadiverso Parque Yasuní será protagonista do plebiscito histórico. Estratégico na luta contra as mudanças climáticas, o parque, no coração da Floresta Amazônica, divide os equatorianos, que vão decidir sobre a suspensão da atividade petroleira no bloco 43, localizado dentro da área de preservação e considerado a “joia da coroa” da estatal Petroecuador, destaca o UOL.

A votação ocorre quando o planeta sufoca sob um calor recorde e os cientistas alertam que a Floresta Amazônica está perigosamente perto de um ponto de não retorno, que pode transformá-la numa savana, destaca o New York Times. Por outro lado, o petróleo é o produto de exportação mais importante do Equador, e o governo está fazendo campanha para que a perfuração continue.

“É histórico. Estamos democratizando a política ambiental”, disse Pedro Bermeo, um dos membros fundadores do Yasunidos, o grupo por trás do referendo pelo fim da exploração de petróleo em Yasuní.

O Parque Nacional Yasuní é a maior área protegida do Equador, estendendo-se por mais de 1 milhão de hectares entre as províncias de Orellana e Pastaza, no nordeste da Amazônia equatoriana. Listado entre as Reservas da Biosfera da Unesco, ele abriga 1,3 mil espécies de árvores, 610 espécies de pássaros e 268 espécies de peixes. Também é o lar dos Tagaeri e Taromenane, os últimos Povos Indígenas isolados do Equador, detalha o Diálogo Chino.

Líderes das províncias amazônicas do país também aderiram à campanha pelo fim da exploração de petróleo em Yasuní. Juan Bay, presidente da Nação Waorani, explicou os motivos de seu voto: “Meu povo não viu nenhum benefício [dos projetos petrolíferos], nenhum desenvolvimento social, econômico ou político”.

A visão das comunidades indígenas tem relação com os quase 900 vazamentos de petróleo na Amazônia equatoriana entre 2015 e 2021, alguns deles no Parque Yasuní. “A votação não se limita ao petróleo, ela coloca em jogo o local onde vivem Povos Indígenas. Estamos preparados para dar nossas vidas pelo Yasuní. A era da exploração, que tanto afetou o meio ambiente e empobreceu nossas comunidades, chegou ao fim”, ressalta Zenaida Yasacama, vice-presidente da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador.

O histórico plebiscito sobre a exploração de petróleo em Yasuní também foi noticiado por Diálogo Chino, IstoÉ, Estado de Minas, epbr, France24 e Energy Portal.

 

ClimaInfo, 18 de agosto de 2023.

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