Petrobras estuda usar reatores nucleares em plataformas e é acusada pelo MPF de jogar água não tratada no mar

Petrobras descarte água contaminada
Gustavo Moreno/Metrópoles

Sob o argumento da “limpeza”, petroleira pesquisa fonte nuclear para “descarbonizar” produção de combustíveis fósseis, mas já ajudaria muito não descartar água poluída no mar.

Em seu Plano de Negócios 2024-2028, a Petrobras projeta investir US$ 700 milhões em seu portfólio de pesquisa e desenvolvimento de baixo carbono. E parte dessa cifra vai ser aplicada pela petroleira no uso de pequenos reatores nucleares (SMR, sigla em inglês) para descarbonizar a geração elétrica em suas plataformas, informa a epbr.

É algo parecido com a sugestão do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de usar a fonte nuclear para substituir a eletricidade gerada com combustíveis fósseis em comunidades isoladas da Amazônia. O argumento por trás das ideias é a “limpeza” da polêmica energia nuclear, que de fato não gera emissões, mas é capaz de contaminar vastas áreas em caso de acidentes, como em Fukushima, no Japão, e Chernobyl, na Ucrânia.

A “limpeza”, porém, parece deixar a desejar nas operações da companhia. Segundo Guilherme Amado, do Metrópoles, uma apuração do Ministério Público Federal (MPF) mostrou que a Petrobras lançou água não tratada no mar por cerca de três anos, o que fez o órgão abrir um inquérito na semana passada para detalhar a investigação.

As apurações começaram a partir de multas ambientais do IBAMA à petroleira. Os fiscais constataram que a plataforma P-18, que opera na Bacia de Campos, lançou água não tratada no mar regularmente, entre 2017 e 2020, durante os governos Temer e Bolsonaro. Nos últimos dois meses, o MPF já havia aberto outros dois inquéritos contra a empresa para apurar a mesma irregularidade. Apenas em 2023, já no governo Lula, a Petrobras foi multada em R$ 14 milhões pelo órgão ambiental pelo despejo inadequado do material.

Em tempo: Pesquisas secretas da petroleira estadunidense Exxon nos anos 1970 mostraram a relação direta entre a queima dos combustíveis fósseis e as mudanças climáticas. Ainda assim, a Exxon não apenas vem ampliando investimentos em petróleo e gás fóssil como dia sim, outro também, desqualifica a necessidade urgente de eliminação dessa energia suja, com uma dose cavalar de negacionismo climático e perseguição judicial a ativistas. Mas, aqui no Brasil, a petroleira aportou R$ 320 mil, via Lei Rouanet, em um projeto sobre “conscientização ambiental para crianças”. “A iniciativa propõe uma abordagem de conscientização ambiental utilizando o espetáculo ‘As Aventuras de Nala’ para abordar questões como o uso responsável dos recursos naturais, a importância da biodiversidade e formas práticas de contribuir para a proteção do meio ambiente”, detalha o Neo Mondo. Só pode ser deboche…

 

ClimaInfo, 7 de maio de 2024.

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