Rede de Musk, falecido Twitter provoca evasão de vozes climáticas e abre espaço para negacionismo

Twitter desinformação climática
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A desinformação climática ganhou fôlego no antigo Twitter depois da compra pelo bilionário Elon Musk, que acabou com qualquer moderação da rede a conteúdos falsos.

Um estudo divulgado na semana passada trouxe um dado alarmante para quem se preocupa com o negacionismo climático nas redes sociais. De acordo com a análise, metade dos usuários que postavam regularmente sobre mudança climática e meio ambiente deixaram de fazê-lo no falecido Twitter, recentemente rebatizado como X, depois de sua aquisição por Elon Musk no final de 2022.

O êxodo de vozes climáticas e ambientalistas acontece depois de Musk acabar quase integralmente com a moderação de conteúdos falsos, liberando terreno para que negacionistas proliferassem na rede social. Além de derrubar as restrições para desinformação, Musk também permitiu que muitas contas de negacionistas adquirissem o outrora famoso selo azul, de conta verificada, o que dá direito a mais visibilidade nas postagens.

O estudo, publicado na revista Trends in Ecology & Evolution, analisou 380 mil usuários que postavam regularmente sobre mudança climática e biodiversidade. Desse total, 47,5% ficaram inativos seis meses após a compra do Twitter por Musk.

Como a VEJA apontou, a redução da moderação de conteúdo e o aumento significativo da disseminação de discursos de ódio contribuem para esse cenário, mas problemas técnicos também tiveram peso nesse êxodo. Para muitos usuários, o Twitter deixou de ser uma fonte confiável de conteúdo em tempo real. 

“Na última década, o Twitter tem sido de longe a melhor plataforma de mídia social para acompanhar, compartilhar e discutir as últimas notícias e pontos de discussão sobre mudança climática. (…) Mas os resultados deste estudo apenas confirmam a experiência vivida sobre o quão tóxico e alienante o Twitter se tornou para as pessoas que esperam conversar sobre os desafios da mudança climática de uma maneira sutil e sensata”, observou Leo Hickman, do Carbon Brief, ao Guardian.

O jornal francês Le Monde também abordou os principais pontos do estudo.

 

ClimaInfo, 21 de agosto de 2023.

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