Houve falha reprodutiva total em quatro dos cinco locais de reprodução em 2022; milhares de filhotes se afogaram ou congelaram quando o gelo se desintegrou.
Como de costume, milhares de pinguins-imperadores chegaram aos seus locais de reprodução no gelo marinho da costa da Antártica em maio e junho do ano passado. Os ovos eclodiram no final de julho e agosto, durante o longo e escuro inverno antártico, e tudo parecia bem. Mas quando o gelo no Mar de Bellingshausen se rompeu inesperadamente e se afastou da terra em novembro – efeito da crise climática que vem aquecendo o planeta –, foi um desastre para várias colônias recentemente descobertas na região.
Um estudo publicado no Communications Earth & Environment sugere que houve uma falha reprodutiva de 100% em quatro dos cinco locais de reprodução na região no ano passado, quando milhares de filhotes de pinguins se afogaram ou congelaram quando o gelo se desintegrou, explica o Inside Climate News. “O volume das falhas mostra que este é um evento bastante excepcional”, disse Norm Ratcliffe, um dos autores do estudo, Norm Ratcliffe, biólogo do British Antarctic Survey (BAS).
Os pinguins dependem do gelo congelado para pousar e permanecerem estáveis até o final de dezembro e janeiro, quando começa o verão no Hemisfério Sul. É nesse período que os filhotes adquirem plumagem impermeável e assim podem nadar, deixando a colônia e se tornando independentes.
“Mas se [o gelo] quebrar antes disso, os filhotes perdem a plataforma, então caem no mar. Ou eles se afogam ou ainda podem conseguir subir em um bloco de gelo ou iceberg próximo. Mas, nesse caso, como a plumagem deles está molhada, eles provavelmente morrerão congelados”, explicou Ratcliffe.
Os cientistas disseram que os pinguins-imperadores enfrentam um futuro incerto sob o aquecimento global. Afinal, a espécie depende muito do gelo marinho, que deverá diminuir à medida que o mundo aquece, destaca o Guardian.
Bloomberg, BBC, CNN, Scientific American, France24, Independent, New York Times, National Geographic e Estadão noticiaram os efeitos da crise climática sobre os pinguins-imperadores da Antártica.
Em tempo: A primeira expedição oficial de pesquisadores brasileiros ao Ártico não achou gelo na região e voltou para o Brasil sem amostras, informa a Folha. As condições climáticas muito mais amenas do que o esperado – a ponto dos cientistas conseguirem ficar ao ar livre com camisas de manga curta – inviabilizaram a coleta e são mais um indício das transformações causadas pela emergência climática no arquipélago norueguês de Svalbard, palco da expedição, e na região ártica como um todo. “Moradores da vila de Longyearbyen, onde ficamos, confirmaram que essas condições estão cada vez mais comuns”, conta Paulo Câmara, pesquisador da UnB e integrante do grupo brasileiro que passou nove dias em Svalbard durante o último mês de julho.
ClimaInfo, 30 de agosto de 2023.
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