Mudança climática tornou tempestade mortal na Líbia 50 vezes mais provável

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WWA - World Weather Attribution

Tempestades como a que causou destruição e mortes na Líbia se tornaram até 50 vezes mais prováveis por causa da mudança do clima, concluiu estudo. 

Uma análise de atribuição divulgada nesta semana pela World Weather Attribution (WWA) concluiu que a forte tempestade que atingiu a Líbia e outros países do Mediterrâneo no começo de setembro se tornou até 50 vezes mais provável por causa do aquecimento global causado pelos seres humanos. 

A passagem da tempestade tropical Daniel no norte da Líbia deixou mais de 10 mil mortos, com mais de 10 mil pessoas ainda desaparecidas. Além da Líbia, a tempestade Daniel também causou destruição e mortes em outros países da bacia do Mediterrâneo, como Grécia e Espanha, além da Bulgária. 

De acordo com a análise, a precipitação extrema no período de 24 horas no norte do continente africano se tornou até 50 vezes mais provável de acontecer e até 50% mais intensa em um mundo 1,2ºC mais quente em relação aos níveis pré-industriais.

O estudo destacou a magnitude das chuvas no litoral líbio. Na cidade de Derna, que concentrou a maior parte da destruição, a precipitação acumulada foi de 250 milímetros em um período de poucas horas, e cerca de 414 mm em Bayda e 240 mm em Marawah. Os ventos de até 80 km/h também chamaram a atenção.

Mais do que a tempestade, o desastre na Líbia teve como catalisador a situação política dramática que vive há mais de uma década, mergulhado em uma guerra civil que dividiu o país em dois governos. O estudo ressalta que a fragilidade do estado líbio agravou os efeitos da tempestade, contribuindo para a falta de manutenção e deterioração da infraestrutura de barragens. Além disso, muitas dessas estruturas foram construídas na década de 1970 utilizando registros de precipitação relativamente curtos, que se mostraram incapazes de suportar a magnitude da tempestade Daniel.

“Esta catástrofe aponta para a necessidade de se conceber e manter infraestruturas não apenas para o clima do presente ou do passado mas também para o futuro. Na Líbia, isto significa ter em conta o declínio em longo prazo da precipitação média e, ao mesmo tempo, o aumento das precipitações extremas como este evento de chuvas fortes”, destacaram os autores.

A conclusão do WWA sobre as chuvas na Líbia foram abordadas por veículos como AFP, Associated Press, BBC, Bloomberg, CNN, Deutsche Welle, Folha, New Scientist, Reuters e Wall Street Journal.

 

ClimaInfo, 22 de setembro de 2023.

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