Fechamento de barragem alaga aldeias e faz indígenas abandonarem suas casas em SC

Povos Indígenas SC
Juventude Xokleng, Divulgação

Moradores da TI Ibirama La Klanõ fogem para abrigo improvisado e temem pior alagamento da história. Com barragem próxima da cota, Defesa Civil reabre comporta.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) anunciou novas medidas de apoio aos povos da Terra Indígena Ibirama-LaKlanõ em decorrência das fortes chuvas que atingiram a Região Sul e particularmente o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, onde habitam os Povos Xokleng, Guarani e Kaingang. O MPI decidiu ampliar o efetivo da Defesa Civil para levantar quantos indígenas foram resgatados para local seguro e quantos ainda se encontravam ilhados ou em situação de risco.

De acordo com a Carta Capital, o ministério também solicitou um levantamento das quantidades de alimento e água potável já disponibilizadas à população indígena resgatada. E também a apresentação de um plano de continuidade dessas medidas até o fim da situação de calamidade.

Como mostra o DW em matéria replicada por IstoÉ e TV Cultura, não havia mais lugar seguro nas aldeias da TI, em José Boiteux. Muitos moradores deixaram suas casas e corriam para salvar móveis e objetos que deixaram para trás. “Nós estamos usando a igreja e o posto de saúde como abrigo. Mas há muitos que não querem sair de casa e estão em área de risco”, disse o cacique Voia de Lima, liderança do Povo Xokleng.

Os indígenas relataram falta de apoio de autoridades públicas e insegurança com a cheia da barragem Norte, que represa o rio Hercílio dentro do território. A estrutura foi fechada pelo governo catarinense para reduzir as cheias no Vale do Itajaí. A decisão gerou um confronto com a Polícia Militar do estado que deixou três indígenas feridos.

Barragem acima, onde moram os habitantes da TI, a água represada acelera o alagamento nas comunidades. O acesso por terra a muitas das nove aldeias já não existe mais e uma delas está sem comunicação, devido ao alagamento de pontes. “É a pior situação que já vivemos. E a Defesa Civil abandonou a gente”, lamenta o cacique, que percorre as casas isoladas, levando mantimentos e fraldas que a comunidade recebe de doadores.

Na noite de 6ª feira (13/10) a barragem passou a verter água pela primeira vez na história, informa o NSC. No domingo (15/10), a Defesa Civil decidiu abrir a comporta da barragem, que atingiu a cota de 96,5%, faltando apenas 1 metro para atingir o vertedouro, detalha o GGN.

Por causa da situação, o MPI também determinou a apresentação imediata de laudo que comprove a segurança do comportamento das águas após o fechamento das comportas, informa o Poder 360.

 

ClimaInfo, 17 de outubro de 2023.

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