Apesar da produção crescente, diretor-geral da agência reforça lobby do petróleo na foz do Amazonas e diz que produção cairá em 2030 sem “novas fronteiras”.
O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, disse que o Brasil vai ultrapassar a marca de produção de 4 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) em 2025. Atualmente, a produção brasileira gira em torno de 3,5 milhões de barris por dia (bpd), em média. Se a projeção for confirmada, representa um crescimento de quase 15% nos volumes produzidos em cerca de dois anos.
“Já em 2025 deveremos ultrapassar 4 milhões de barris por dia de produção de petróleo. São mais de US$ 90 bilhões investidos em cinco anos. Mais 20 plataformas entrando em produção até 2027”, disse Saboia na abertura da Offshore Technology Conference (OTC) Brasil, que acontece nesta semana no Rio de Janeiro.
Segundo o diretor da agência reguladora, o aumento da produção nos próximos virá não só da curva ascendente de campos do pré-sal, mas também do processo de recuperação da produção de áreas maduras. Essa última atividade deverá ser puxada por petroleiras chamadas de “independentes”, por serem de menor porte, geralmente novatas no setor de petróleo e gás fóssil.
Como não podia perder a oportunidade de reforçar, ainda que sem citar nomes, o lobby pró-exploração de petróleo na foz do Amazonas e em outras áreas ambientalmente sensíveis da Margem Equatorial, região costeira entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, Saboia defendeu que o país precisa partir para novas fronteiras exploratórias. Sem isso, segundo ele, a produção de combustíveis fósseis do Brasil poderá entrar em declínio a partir de 2030.
Ao fazer tal projeção, o diretor-geral da ANP não se atentou para o fato de que ainda há áreas do pré-sal sendo exploradas e, portanto, passíveis de aumentar as reservas brasileiras. Além disso, ignorou que a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) projeta o pico do consumo de petróleo para 2030. Ou seja, o país pode perder dinheiro se investir agora na exploração de áreas que só devem ter resultado após este ano.
A projeção do diretor-geral da ANP foi noticiada por Estadão, Valor, InfoMoney, Jovem Pan, BOL, Petróleo Hoje e iG.
ClimaInfo, 26 de outubro de 2023.
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