Agente da FUNAI é ferido em emboscada contra desintrusão da Terra Indígena Apyterewa

Agente FUNAI ferido Terra Apyterewa
Divulgação

Violência aumenta após o presidente do STF, Roberto Barroso, reverter decisão do ministro Nunes Marques e autorizar a retomada das ações para retirada dos invasores.

O processo de desintrusão da Terra Indígena Apyterewa, no sul do Pará, que registrou o maior desmatamento do país em territórios indígenas e hoje tem mais invasores do que indígenas, registrou mais um episódio de violência. Uma equipe da força-tarefa responsável pela retirada dos invasores sofreu uma emboscada na 2ª feira (4/12). Um servidor da FUNAI, cuja identidade não foi revelada por questões de segurança, foi baleado. Os criminosos fugiram.

Os agentes retornavam de uma atividade em campo quando foram surpreendidos por disparos de arma de fogo em três pontos diferentes. Duas viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram atingidas com diversos tiros, relatam g1, Metrópoles, O Globo e O Tempo. O servidor da FUNAI foi atingido no tornozelo e encaminhado para avaliação num hospital de Marabá.

O Plano de Desintrusão das Terras Indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e teve início em 2 de outubro. Desde o início da operação, os agentes apreenderam 10 litros de agrotóxicos, três armas de fogo, 1.050 gramas de maconha, cinco máquinas leves, 11 motocicletas, uma caminhonete e nove equipamentos (como motosserras). O último balanço aponta que das 437 estruturas construídas pelos invasores, 290 já estão desocupadas e 42 já foram inutilizadas pelos agentes de segurança, detalha o Correio Braziliense.

A ação, porém, foi ameaçada por uma decisão do ministro Nunes Marques, do STF, que determinou sua paralisação. Dois dias depois, porém, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, reverteu a decisão e manteve a desintrusão, informam ((o))eco, Agência Brasil, CNN, Poder 360, O Globo e Folha.

Barroso considerou contraditória a decisão, já que o STF homologou o plano de desintrusão e determinou seu regular prosseguimento. Marques havia atendido a um pedido da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Projeto Paredão (APARPP) e da Associação dos Agricultores do Vale do Cedro.

A pressão contra a retirada dos invasores da TI Apyterewa é grande. Envolve políticos e fornecedores de frigoríficos, e alguns deles estão entre os que ocupam o território irregularmente. Em meados de outubro um invasor morreu, durante conflito com agentes de segurança.

Em tempo: O cantor Alexandre Pires – refrescando a memória, aquele que cantava que não tinha “culpa de comer quietinho” e que se ajoelhou e beijou a mão do ex-presidente dos EUA, George W. Bush – e seu empresário, Matheus Possebon, são investigados pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento com o garimpo ilegal em Terras Indígenas, informam UOL, Terra, O Globo, CNN e Carta Capital. Endereços ligados ao artista e a seu agente foram alvo de buscas na 2ª feira (4/12), na Operação Disco de Ouro. Segundo a investigação, Alexandre Pires teria recebido pelo menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada. Já Possebon é suspeito de financiar o garimpo na TI Yanomami e seria um dos “responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes”, aponta a PF.

 

ClimaInfo, 6 de dezembro de 2023.

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