São mais de 2,4 mil lobistas e executivos da indústria de combustíveis fósseis do mundo todo participando da COP28 de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
As Conferências do Clima deveriam ser espaços para discussão sobre caminhos e desafios para a descarbonização da economia global. No entanto, cada vez mais, o que se vê são representantes de empresas de petróleo, gás e carvão circulando nos corredores e salões acarpetados das COPs, com acesso a negociadores e representantes governamentais.
A partir da lista preliminar de participantes credenciados para a Conferência de Dubai, um levantamento feito pela coalizão “Kick Big Polluters Out” (COP28) identificou ao menos 2.456 nomes ligados diretamente à indústria dos combustíveis fósseis. Esse é o maior número já registrado de participantes do setor em uma Conferência do Clima.
Se fossem um país, a delegação da energia suja seria inferior numericamente apenas à delegação mastodôntica do Brasil e dos próprios Emirados Árabes, país anfitrião da COP. Mesmo grandes países, como os Estados Unidos, ficam atrás da representação da indústria fóssil em Dubai.
De acordo com o levantamento, a maior parte dos lobistas do petróleo, gás e carvão obteve sua credencial da COP28 por meio de associações comerciais, principalmente do Norte Global. A Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA), por exemplo, registrou 116 representantes do setor em sua delegação, incluindo nomes de empresas como Shell, TotalEnergies e Equinor.
Mas a presença da indústria fóssil não se limita às entidades setoriais. Países como França e Itália, além da União Europeia, também inscreveram em suas delegações representantes de empresas de combustíveis fósseis como BP e ExxonMobil.
“A presença venenosa dos grandes poluidores tem paralisado as negociações há anos, impedindo-nos de avançar nos caminhos necessários para manter os combustíveis fósseis no subsolo. Eles são a razão pela qual a COP28 está envolta em uma névoa de negação climática, e não na realidade climática”, destacou Alexia Leclerq, ativista da Start:Empowerment.
AFP, Guardian, Valor e Washington Post, entre outros, repercutiram a presença do lobby fóssil na COP28.
Em tempo: No sábado (2/12), Sultan Al-Jaber, presidente da COP28 e da estatal petroleira ADNOC, dos Emirados Árabes, anunciou com pompa e circunstância uma parceria de 50 companhias de combustíveis fósseis para reduzir a queima e os vazamentos de metano. Mas a Bloomberg revela que as norte-americanas Exxon e Chevron, duas das maiores produtoras de petróleo e gás do planeta e que recentemente adquiriram concorrentes, reforçando sua aposta nos combustíveis fósseis, não aderiram à iniciativa. Por ser um fundo a ser gerido pelo Banco Mundial, mas formado com recursos das empresas, uma pessoa envolvida nas negociações disse que alguns gigantes do petróleo relutaram em subscrever um fundo visto como um verdadeiro fornecedor de doações em dinheiro a concorrentes – casos de Exxon e Chevron. Enquanto isso, que se dane o planeta.
ClimaInfo, 6 de dezembro de 2023.
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