Mudanças climáticas tornaram tempestades históricas no leste da África duas vezes mais severas

Chuvas África
WWA / Eric Chege for the Red Cross.

Enchentes contínuas já causaram mais de 300 mortes e deslocaram mais de 1 milhão de pessoas apenas no Quênia e Somália, mostram pesquisadores do WWA.

Chuvas fortes não são incomuns no leste da África em outubro e novembro, já que a curta estação chuvosa da região normalmente ocorre nesta época do ano. No entanto, em 2023, as tempestades foram históricas e deixaram um rastro de mortes e destruição. Esse evento extremo foi influenciado pelas mudanças climáticas, aponta pesquisa realizada por 10 cientistas do World Weather Attribution (WWA). Um fenômeno climático natural chamado Dipolo do Oceano Índico (IOD, sigla em inglês) também contribuiu para chuvas mais intensas do que o normal, mas por si só ele não explica a quantidade extrema, informa o New York Times.

“A influência das mudanças climáticas nas chuvas pode ter sido bastante significativa”, disse Friederike Otto, cientista climática do Imperial College London e uma das fundadoras do WWA. “À medida que continuamos a queimar combustíveis fósseis, certamente estaremos vivenciando mais desses eventos”, reforçou Joyce Kimutai, também cientista climática do Imperial College London que colabora com o WWA.

A chuva matou pelo menos 300 pessoas no Quênia, Etiópia e Somália. Também inundou um campo de refugiados no leste queniano, assim como destruiu casas e infraestruturas e interrompeu os transportes. Mais de 1 milhão de pessoas tiveram de abandonar casas e comunidades somente no Quênia e na Somália.

Esses impactos foram exacerbados pela seca de três anos que precedeu a estação chuvosa deste ano, ou seja, as pessoas estavam tentando se recuperar depois de perderem colheitas e gado com a estiagem, destaca a Bloomberg. Problemas com a disponibilidade de sistemas de alerta para tempestades e a rápida urbanização também contribuíram para as dificuldades, conclui o estudo.

Os pesquisadores do WWA utilizaram dados históricos e simulações para comparar os padrões climáticos com como teriam se parecido em um mundo sem mudanças climáticas. Atualmente, o mundo está cerca de 1,2°C mais quente do que estava antes da Revolução Industrial. Os pesquisadores também avaliaram a influência do El Niño, outro fenômeno climático natural, mas não puderam determinar seus efeitos isoladamente do Dipolo do Oceano Índico (IOD).

 

ClimaInfo, 18 de dezembro de 2023.

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