Falta de ação da JBS faz desmatamento aumentar em fazendas de gado na Amazônia e no Cerrado

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MightyEarth

Segundo uma nova análise, a JBS deixou de investigar ou de agir em 105 alertas de desmatamento na Amazônia e no Cerrado relacionados a fornecedores.

A maior empresa de proteína animal do mundo ainda tropeça em sua própria incapacidade – ou falta de vontade, a depender da perspectiva – de fiscalizar sua cadeia de fornecedores e garantir que seus produtos são livres de desmatamento ilegal.

Uma nova análise da Mighty Earth e da AidEnvironment mostrou que a JBS deixou de investigar ou agir, de forma verificável, 105 alertas de desmate ilegal na Amazônia e no Cerrado, relacionados ao corte de mais de 185 mil hectares de vegetação.

O novo relatório dá prosseguimento a uma análise anterior, divulgada no ano passado, que identificou 68 casos de desmatamento em 59 fazendas que fornecem gado aos frigoríficos da JBS. Desses casos, a nova análise confirmou 60 deles, com desmatamento total de 51,5 mil hectares entre agosto de 2018 e julho de 2023.

Nesse último ano, de acordo com o relatório, foram identificados o desmatamento de 18.458 hectares em 22 das 59 fazendas analisadas. Dessas 22 propriedades, quatro fazem fronteira ou se sobrepõem a Terras Indígenas protegidas.

Os casos levantados na primeira análise foram repassados à JBS, mas a empresa se negou a verificá-los sob a justificativa de que se baseavam em dados do sistema DETER, operado pelo INPE, que acompanha alertas de desmate. Mais recentemente, a JBS afirmou que em 88% dos 105 casos de desmatamento não se tratava de fornecedores atuais da empresa e que 60% dos casos não foram encontrados no banco de dados de fornecedores do grupo. O restante, de acordo com a empresa, estaria operando de forma regular. Porém, a JBS não apresentou evidências que sustentem essas alegações.

“Ao não agir, a JBS permitiu a destruição, que poderia ter sido evitada, de mais de 18 mil hectares na Amazônia e no Cerrado, em fazendas ligadas às suas extensas operações de carne bovina”, destacou João Gonçalves, diretor sênior da Mighty Earth no Brasil. “Nossa pesquisa mostra que a JBS continua a destruir a natureza para o gado com impunidade, ameaçando as comunidades indígenas, causando um aumento na grilagem de terras e aumentando a poluição climática”.

A Folha deu mais detalhes sobre o relatório.

Em tempo: O jornalista Marcel Gomes, da Repórter Brasil, recebeu nesta 2ª feira (29/4) o Prêmio Goldman de Meio Ambiente, o mais prestigiado do jornalismo socioambiental internacional. Gomes foi premiado por conta de seu trabalho investigativo desvendando as conexões entre o desmatamento ilegal e frigoríficos que fornecem carne a grandes redes de supermercado na Europa e nos Estados Unidos. “Marcel e sua equipe se especializaram em uma combinação única de jornalismo investigativo e divulgação de base para expor crimes ambientais e criar mudanças positivas”, destacou a premiação. Folha e UOL repercutiram a notícia.

 

ClimaInfo, 30 de abril de 2024.

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