Mais de 80% das árvores nativas da Mata Atlântica podem desaparecer para sempre

25 de janeiro de 2024
Mata Atlântica
Renato Lima/Esalq

Pesquisa mapeou as quase 5 mil espécies de árvores que ocorrem no bioma e usou critérios da IUCN para criar “Lista Vermelha” das árvores ameaçadas.

Um estudo publicado na Science apresentou a “Lista Vermelha” das quase 5.000 espécies de árvores que ocorrem na Mata Atlântica, uma das florestas mais biodiversas e ameaçadas do mundo. O resultado é assustador. De acordo com o levantamento, 82% das espécies de árvores exclusivas do bioma estão sob algum risco de ameaça de desaparecer para sempre.

A “Lista Vermelha” é um critério criado em 1964 pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) para avaliar os riscos de extinção de espécies e subespécies. O termômetro do risco da extinção começa em “Pouco Preocupante” e “Quase Ameaçada”, piora a partir de “Vulnerável”, até chegar a “Em Perigo” e “Criticamente Em Perigo” – o estágio mais crítico antes da espécie ser considerada extinta.

De acordo com o levantamento, das 4.950 espécies de árvores que ocorrem no bioma, dois terços foram classificadas em algum nível de ameaça. Entre as espécies endêmicas, encontradas apenas na Mata Atlântica, o risco de extinção é proporcionalmente maior, com 2.025 espécies ameaçadas – o equivalente a 82% do total, detalha ((o))eco.

Entre as espécies endêmicas ameaçadas, mais da metade (52%) estão “Em Perigo”. Outras 19% são consideradas “Vulneráveis”, e 11% estão “Criticamente Em Perigo”. No outro lado da balança, 17% das espécies estão em situação “Pouco Preocupante” e 1% “Quase Ameaçada”.

Outras 13 espécies endêmicas foram consideradas possivelmente extintas. Em contrapartida, cinco espécies que eram consideradas extintas na natureza foram redescobertas pelo estudo.

“O quadro geral é muito preocupante. A maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica foi classificada em alguma das categorias de ameaça da IUCN. Isso era esperado, pois o bioma perdeu a maioria das suas florestas e, com elas, as suas árvores. Mesmo assim, ficamos assustados quando vimos que 82% das mais de 2.000 espécies exclusivas desse hotspot global de biodiversidade estão ameaçadas”, explicou ao Jornal da USP Renato Lima, professor da universidade que liderou a pesquisa.

Superinteressante, Meteored, Olhar Digital e Gizmodo também repercutiram o estudo sobre a Mata Atlântica.

Em tempo: O BNDES aprovou um financiamento de R$ 186,7 milhões para um projeto que vai restaurar 14,8 mil hectares de florestas em áreas degradadas da Amazônia (12,8 mil hectares) e da Mata Atlântica (2 mil hectares). Serão R$ 106,7 milhões de valores próprios do BNDES, na linha Finem, e R$ 80 milhões do Fundo Clima, como parte do investimento de R$ 1 bilhão anunciado pelo banco na COP28 para o programa Arco da Restauração, que apoiará ações de recuperação florestal na Amazônia, detalha o Valor. Os recursos serão aplicados pela re.green, empresa fundada em 2021 que tem como um dos sócios Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e que atua na recuperação florestal em larga escala. O projeto pretende gerar créditos de carbono a partir do reflorestamento e negociá-los no mercado voluntário internacional.

 

ClimaInfo, 26 de janeiro de 2024.

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