Os desafios para a “Olimpíada Verde” de Paris sair do papel

18 de março de 2024
Paris Olímpiadas Verdes
Paris2024.org

Os organizadores dos Jogos Olímpicos de Verão em Paris prometem o evento esportivo mais sustentável da história, mas a história recente impõe alguma cautela.

Duas semanas de eventos esportivos dos mais diversos, em diferentes pontos de uma das maiores metrópoles do planeta, com um público potencial que chega a milhões de pessoas. É difícil imaginar algo dessa magnitude, como é o caso dos Jogos Olímpicos de Paris, sem pensar em seu impacto ambiental e climático. Mas a promessa das autoridades francesas é de que as Olimpíadas deste ano serão não apenas um exemplo de sustentabilidade, mas também o megaevento esportivo mais verde da história.

A régua não é exatamente alta. Na última década, ficou evidente que esses megaeventos esportivos, como Olimpíadas e Copas do Mundo de Futebol, são um “mamute” logístico com uma pegada gigantesca de carbono, por conta das obras preparatórias e a realização do evento em si. Tudo isso resultou em espetáculos cada vez mais extravagantes e caros, como ficou evidente na Copa do Catar, no final de 2022.

Os organizadores de Paris-2024 tentam reescrever esse “manual dos grandes eventos”, como bem pontuou o NY Times. Primeiro, apostando em uma infraestrutura urbana que privilegiará o transporte público e as bicicletas, reduzindo a circulação de carros. Segundo, incentivando mudanças na tradicional culinária francesa, com mais legumes e verduras e menos carne. Terceiro, impulsionando a geração de energia renovável, especialmente solar, com painéis flutuantes instalados no rio Sena.

Mas a grande mudança é estrutural: a metrópole francesa praticamente não construiu nada novo para os Jogos Olímpicos. O evento aproveitará a infraestrutura urbana e esportiva que já existe. Assim, de acordo com a AFP, a pretensão do governo francês e do comitê organizador dos Jogos Olímpicos é de reduzir as emissões de carbono do evento pela metade em relação aos eventos de 2012 em Londres e de 2016 no Rio de Janeiro.

Um desafio a essas pretensões é o próprio clima. Os Jogos acontecerão em julho, durante o verão europeu, que tem sido ingrato nos últimos anos no que diz respeito às altas temperaturas. Preocupados com o conforto de seus atletas, alguns comitês olímpicos nacionais estão estudando instalar equipamentos próprios de ar-condicionado na Vila Olímpica.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, é uma opositora dessa ideia. “A Vila foi desenhada para evitar a necessidade de ar-condicionado, mesmo em temperaturas muito, muito altas, de forma a manter o clima confortável”, destacou à Reuters. Ela pediu aos comitês que “confiem na ciência” para que Paris seja palco dos jogos “mais verdes até hoje”.

Mas não é só Paris que pensa em fazer os Jogos mais limpos da história. A cidade norte-americana de Los Angeles, próxima anfitriã das Olimpíadas de Verão em 2028, corre contra o tempo para transformar uma das metrópoles mais populosas na “cidade mais saudável” dos Estados Unidos.

A promessa não é simples. Como o site POLITICO assinalou, Los Angeles ainda não conseguiu resolver um de seus problemas urbanos mais graves – o já tradicional trânsito carregado, que garante um dos piores índices de poluição atmosférica entre as grandes metrópoles dos EUA.

 

ClimaInfo, 19 de março de 2024.

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