Verão de 2023 no Hemisfério Norte foi o mais quente em 2 mil anos

Verão 2023 Hemisfério Norte
Wikimedia Commons

Pela análise de anéis de crescimento de árvores, pesquisadores calcularam variação de temperatura nos últimos dois milênios no Hemisfério Norte e confirmaram recorde de 2023.

O verão de 2023 no Hemisfério Norte já era um recordista – o mais quente desde a Revolução Industrial, de acordo com diversas agências meteorológicas e pesquisas climatológicas. Mas o recorde pode ser ainda mais impressionante, com o último verão sendo o mais quente em 2 mil anos.

Essa é a conclusão de uma nova pesquisa publicada nesta semana na revista Nature. Os autores do estudo analisaram os traços referentes à temperatura a partir de anéis de árvores antigas, combinados com modelos climáticos para estimar a evolução do clima nos últimos dois milênios.

A trajetória desenhada nesse longo período deixa evidente o impacto do aquecimento global nos últimos 150 anos. A temperatura média de junho a agosto de 2023 foi 2,2oC mais quente do que a média de temperatura do verão entre os anos 1 e 1890. O verão passado também foi 2,07oC mais quente do que a temperatura média observada nesta estação do ano entre 1850 e 1900.

A análise dos “anéis” de madeira das árvores se justifica por conta da interação entre o crescimento e desenvolvimento delas com as condições climáticas de seu ambiente. Estudos anteriores já utilizaram esse tipo de dado para projetar cenários climáticos passados.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo, das Universidades de Cambridge (Reino Unido) e Mainz (Alemanha), limitaram sua análise às massas de terra entre o Polo Norte e o paralelo 30 N, onde se encontra a maioria das estações meteorológicas de longa data do mundo.

Esse recorte também permitiu comparar as medições dessas estações mais antigas com os dados obtidos nas árvores. Os autores apontaram uma inconsistência entre as temperaturas reconstituídas e os registros históricos, o que levanta a dúvida sobre a qualidade das leituras de temperatura nas primeiras décadas de registro científico.

O estudo teve grande destaque na imprensa internacional, com reportagens na ABC News, AFP, Associated Press, BBC, Bloomberg, CBS News, NY Times, Reuters e Scientific American, entre outros.

 

 

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ClimaInfo, 15 de maio de 2024.

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