Brasil teve 66 dias de calor extremo a mais por causa das mudanças climáticas

ondas de calor Brasil
Tomás Silva/Agência Brasil

Estudo identificou 76 ondas de calor extremo em 90 países diferentes por causa da crise climática, com índice ficando em 26 dias na média mundial.

As mudanças climáticas, causadas sobretudo pela queima de combustíveis fósseis, fizeram com que o Brasil tivesse 2 meses a mais de calor extremo em um período de 1 ano. De 15 de maio de 2023 a 15 de maio de 2024, o país registrou, em média, 65,9 dias adicionais de altas temperaturas devido à crise climática. Na média mundial, o índice foi de 26 dias.

Os dados são de um relatório elaborado pela World Weather Attribution (WWA), Climate Central e Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. O levantamento se baseia em técnicas de atribuição climática, que buscam determinar a influência das mudanças climáticas em eventos extremos, explicam Folha, Valor e sbt.

A partir de critérios como a duração de eventos com temperaturas muito altas, mortes por calor e perturbações em setores econômicos, o estudo identificou 76 ondas de calor extremo em 90 países diferentes. Nesse período, 6,3 bilhões de pessoas (cerca de 78% da população global) viveram pelo menos 31 dias de calor extremo – definidos como aqueles mais quentes do que 90% das temperaturas observadas na região durante o período de 1991 a 2020.

No Brasil, 81,8 dias atingiram esse patamar de maio de 2023 a maio deste ano. Em um cenário sem a influência da crise climática, seriam 17,8 dias.

“A queima contínua de carvão, petróleo e gás liberou gases de efeito estufa suficientes para aquecer o planeta em 1,2°C desde os tempos pré-industriais. Ano após ano, as mudanças climáticas induzidas pelo homem manifestam-se através de eventos climáticos extremos mais intensos e frequentes, sendo as ondas de calor as mais dramaticamente afetadas”, aponta o relatório.

Em tempo: Outra constatação dos efeitos das mudanças climáticas: um levantamento feito pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) a pedido da Folha mostra que recordes de enchentes e secas foram bem mais comuns no Brasil na última década do que em períodos anteriores. A quantidade de recordes de cheias sofreu um aumento expressivo. De 2014 a 2023, somaram 314. Nos dez anos anteriores, foram 182. A de secas atingiu 406 de 2014 a 2023, mais do que quatro vezes a soma da década anterior, de 92.

 

ClimaInfo, 3 de junho de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.