97% dos brasileiros percebem mudanças climáticas em seu cotidiano, mostra Datafolha

pesquisa opinião mudança do clima
DataFolha junho/24

A pesquisa reforçou a preocupação generalizada dos brasileiros com os efeitos das mudanças climáticas no seu dia-a-dia, como o calor extremo e as chuvas intensas. 

A quase totalidade (97%) da população brasileira afirma que percebe os impactos da crise climática em seus cotidianos, de acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha. Ela indicou que 77% dos brasileiros experimentaram algum tipo de evento extremo nas últimas semanas. Entre aqueles que vivenciaram episódios críticos, destaca-se o calor (65%), seguido por chuva intensa ou tempestade (33%), seca extrema (29%), enchentes (20%) e deslizamentos de terra (7%).

Entre os homens, 96% afirmaram perceber as mudanças climáticas em seu dia-a-dia, enquanto esse número é de 98% entre as mulheres. Não há diferença significativa entre as faixas etárias, com a preocupação com a mudança do clima variando de 100% entre os jovens de 16 a 24 anos a 96% entre quem tem 60 anos ou mais.

A diferença mais notável acontece na percepção sobre as causas. No geral, 77% dos entrevistados afirmaram que as mudanças do clima existem e são causadas principalmente pelas ações humanas. Entre aqueles com escolaridade até o nível fundamental, esse índice cai para 67%; já entre aqueles com nível superior, ele salta para 87%.

A urgência da questão climática também está no radar da maior parte dos brasileiros. Segundo o Datafolha, 52% dos entrevistados afirmaram que as mudanças do clima são um risco imediato para a população global, enquanto 43% opinaram que esse perigo está no longo prazo.

Sobre a capacidade da humanidade em evitar o pior das mudanças climáticas, os brasileiros são mais pessimistas do que otimistas. Mais da metade dos entrevistados (58%) pontuou que os países não conseguirão agir para reverter os impactos da crise do clima. Menos de um terço (31%) acredita que será possível retornar a um clima mais ameno. Porém, apenas 53% diz acreditar que o fim da normalidade seja um risco imediato para a população da Terra. Outros 43% afirmam que o impacto afetará apenas as gerações futuras. E quase um terço (31%) avalia haver exagero de pesquisadores e ambientalistas quanto a impactos da mudança climática. Esse grupo de céticos alcança 43% entre pessoas que têm nível fundamental de escolaridade.

“Esses bolsões remanescentes de ceticismo climático refletem o sucesso parcial da propaganda negacionista em sua tática de semear dúvidas múltiplas e variadas. Quando se torna impossível contradizer a existência do aquecimento global, dado o acúmulo de evidências e medições, lança-se suspeita sobre a contribuição humana para o fenômeno”, avalia Marcelo Leite na Folha.

A pesquisa também estimou a disposição dos brasileiros para mudar seus hábitos de consumo em prol do clima global. A totalidade dos entrevistados afirmou que adotaria alguma mudança. Entre as medidas mais populares estão a troca de lâmpadas domésticas por modelos mais econômicos (99%), redução do uso de plástico e embalagens descartáveis (94%), instalação de painéis solares em casa (89%) e pagar mais caro por produtos com baixa emissão de carbono (74%). Dois em cada três (63%) aceitaram pagar mais caro por um carro elétrico ao invés de um modelo a combustão.

Em tempo: O Datafolha também analisou a opinião dos gaúchos sobre a crise climática no Brasil. Para 75% dos entrevistados, a destruição provocada pelas enchentes poderia ter sido evitada. A grande maioria da população gaúcha culpa o poder público nos três níveis pelo desastre com patamares similares de responsabilização – 85% para as prefeituras, 83% para o governo do RS, e 80% para o governo federal.

 

ClimaInfo, 2 de julho de 2024.

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