Fundos “verdes” europeus estão investindo em novos projetos de carvão

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Albert Hyseni / Unsplash

Levantamento identificou fundos ESG regulamentados pela UE entre investidores de algumas das maiores empresas carvoeiras do planeta, com aplicações de dezenas de milhões de dólares.

Sustentável, pero no mucho. Fundos de investimentos definidos como “verdes” por reguladores da União Europeia foram identificados entre os investidores de novos projetos de expansão da produção de carvão de algumas das maiores empresas globais do setor. De acordo com um novo levantamento, esses fundos “ESG” detêm ações no valor de pelo menos US$ 65 milhões em grandes empresas de carvão da China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e África do Sul.

Divulgada pelo Climate Home, a análise aponta que essas aplicações foram feitas no âmbito de fundos designados como prioritários para “objetivos de promoção ambiental e social” sob as regras financeiras da UE. Entre os investidores, estão gigantes como BlackRock e Goldman Sachs. Muitos dos fundos identificados pelo levantamento são signatários da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), cujos membros prometeram alinhar seus portfólios com investimentos favoráveis ao clima.

Entre as empresas carvoeiras beneficiadas por essas aplicações indevidas estão gigantes como a Coal India e China Shenhua, as maiores produtoras de carvão de seus respectivos países, além da Adaro Energy da Indonésia e de outras companhias da África do Sul e dos Estados Unidos.

Os investimentos analisados foram feitos por fundos classificados no Artigo 8 do Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (SFDR) criado em 2021 pela Comissão Europeia. A regulação tem como objetivo dificultar o greenwashing no mercado financeiro, definindo características ambientais e sociais associadas aos investimentos para diferenciar aplicações “verdes”. No entanto, um grupo de reguladores do mercado financeiro alertou no mês passado que as regras não estão sendo suficientes para conter o greenwashing.

“O público em geral ainda está sendo enganado quando se trata de fundos sustentáveis”, afirmou Lara Cuvelier, ativista de investimentos sustentáveis da Reclaim Finance. “Os regulamentos são muito fracos e não há critérios claros sobre o que pode ou não ser incluído. Ainda está nas mãos dos investidores decidirem por si mesmos”.

 

ClimaInfo, 2 de julho de 2024.

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