Petrobras continuará sendo empresa de petróleo e gás, diz Tolmasquim

23 de outubro de 2024
Petrobras foz do Amazonas
Creative Commons

Pela enésima vez, diretor da petroleira promete investimentos em transição energética, agora falando em “equilíbrio” entre “a parte do elétron e a parte da molécula”.

Quem tinha esperança de que a Petrobras virasse a chave da petroleira para uma empresa de energia pode tirar o cavalinho da chuva. Isso, claro, se a rua onde o cavalo, o carro ou a casa estiverem não alagar por causa de eventos extremos oriundos das mudanças climáticas, cuja principal causa é a queima de combustíveis fósseis produzidos pela petroleira e suas irmãzinhas.

Foi o que disse o diretor de Transição Energética [???] da estatal, Maurício Tolmasquim. No Brasil Wind Power, evento organizado pelo setor de energia eólica em São Paulo, ele afirmou que, mesmo com investimentos em transição energética, a petroleira continuará sendo uma companhia de petróleo e gás fóssil, informam UOL, IstoÉ e IstoÉ Dinheiro. E ainda deu uma explicação no mínimo enigmática sobre os tão aguardados, mas até agora vazios, investimentos em fontes renováveis.

“A Petrobras vai continuar sendo uma empresa de petróleo e gás, mas, ao mesmo tempo, ela quer avançar na transição energética, colocando no seu portfólio outros produtos, entre eles o elétron renovável. A energia elétrica produzida a partir de fontes renováveis, e a molécula renovável, seja o hidrogênio verde, seja o biocombustível e também o combustível sintético, como o metanol”. E completou: “A gente quer ter um equilíbrio, a parte do elétron e a parte da molécula”.

A linguagem físico-químico sobre “elétrons” e “moléculas” do Tolmasquim não detalhou se o Plano de Negócios 2025-2029, que deve ser lançado em novembro, já trará investimentos para a produção desses combustíveis ou desses elétrons, relatam Folha e Brasil 247. Mas ele disse que a petroleira deve atuar no mercado de geração de eletricidade renovável em parceria com outras empresas.

No plano 2024-2028, a petroleira previu ter 5 gigawatts (GW) de plantas eólicas e solares em seu portfólio. Até agora, porém, nada aconteceu. E como a Petrobras tinha como menina-dos-olhos as eólicas offshore, que ainda não foram regulamentadas, é bom esperar sentado o retorno da “empresa de petróleo e gás” à geração renovável.

Em tempo: O governo avalia indicar Bruno Moretti para a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, cargo atualmente ocupado por Pietro Mendes, que deverá ir para a direção-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Moretti é titular da Secretaria Especial de Análise Governamental da Casa Civil. Nome de confiança do presidente Lula e da cúpula petista, Moretti chegou a ser cotado para presidir a petroleira no lugar de Jean Paul Prates, informa O Globo. Na Casa Civil, tem gestão bem avaliada pelo ministro Rui Costa – um conhecido defensor da produção de petróleo no Brasil “até a última gota” – e já tem um assento no conselho da estatal.

 

 

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ClimaInfo, 24 de outubro de 2024.

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