
Pela enésima vez, diretor da petroleira promete investimentos em transição energética, agora falando em “equilíbrio” entre “a parte do elétron e a parte da molécula”.
Quem tinha esperança de que a Petrobras virasse a chave da petroleira para uma empresa de energia pode tirar o cavalinho da chuva. Isso, claro, se a rua onde o cavalo, o carro ou a casa estiverem não alagar por causa de eventos extremos oriundos das mudanças climáticas, cuja principal causa é a queima de combustíveis fósseis produzidos pela petroleira e suas irmãzinhas.
Foi o que disse o diretor de Transição Energética [???] da estatal, Maurício Tolmasquim. No Brasil Wind Power, evento organizado pelo setor de energia eólica em São Paulo, ele afirmou que, mesmo com investimentos em transição energética, a petroleira continuará sendo uma companhia de petróleo e gás fóssil, informam UOL, IstoÉ e IstoÉ Dinheiro. E ainda deu uma explicação no mínimo enigmática sobre os tão aguardados, mas até agora vazios, investimentos em fontes renováveis.
“A Petrobras vai continuar sendo uma empresa de petróleo e gás, mas, ao mesmo tempo, ela quer avançar na transição energética, colocando no seu portfólio outros produtos, entre eles o elétron renovável. A energia elétrica produzida a partir de fontes renováveis, e a molécula renovável, seja o hidrogênio verde, seja o biocombustível e também o combustível sintético, como o metanol”. E completou: “A gente quer ter um equilíbrio, a parte do elétron e a parte da molécula”.
A linguagem físico-químico sobre “elétrons” e “moléculas” do Tolmasquim não detalhou se o Plano de Negócios 2025-2029, que deve ser lançado em novembro, já trará investimentos para a produção desses combustíveis ou desses elétrons, relatam Folha e Brasil 247. Mas ele disse que a petroleira deve atuar no mercado de geração de eletricidade renovável em parceria com outras empresas.
No plano 2024-2028, a petroleira previu ter 5 gigawatts (GW) de plantas eólicas e solares em seu portfólio. Até agora, porém, nada aconteceu. E como a Petrobras tinha como menina-dos-olhos as eólicas offshore, que ainda não foram regulamentadas, é bom esperar sentado o retorno da “empresa de petróleo e gás” à geração renovável.
Em tempo: O governo avalia indicar Bruno Moretti para a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, cargo atualmente ocupado por Pietro Mendes, que deverá ir para a direção-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Moretti é titular da Secretaria Especial de Análise Governamental da Casa Civil. Nome de confiança do presidente Lula e da cúpula petista, Moretti chegou a ser cotado para presidir a petroleira no lugar de Jean Paul Prates, informa O Globo. Na Casa Civil, tem gestão bem avaliada pelo ministro Rui Costa – um conhecido defensor da produção de petróleo no Brasil “até a última gota” – e já tem um assento no conselho da estatal.
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ClimaInfo, 24 de outubro de 2024.
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