Avanços lentos em descarbonização inviabilizam meta de 1,5°C de aquecimento

Compromissos atuais de corte de emissões dos países levam ao aumento de 2,7°C da temperatura global, bem acima do limite seguro indicado pela ciência.
15 de novembro de 2024
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Too little, too late? Essa indagação pode sintetizar as conclusões de um novo relatório apresentado ontem (14/11) pelo Climate Action Tracker (CAT). A partir dos compromissos e políticas atuais dos países sob o Acordo de Paris, a conclusão é pessimista: no cenário mais provável, o aumento da temperatura média da Terra neste século ficaria limitado a 2,7°C em relação aos níveis pré-industriais, acima do limite máximo de 2°C e quase o dobro do 1,5°C apontado pela ciência como limite mais seguro.

Mais preocupante do que a projeção de aquecimento é o fato de que, ao menos nos últimos três anos, não houve nenhuma alteração significativa nos compromissos nacionais de mitigação que se refletisse em aumentos médios de temperatura mais baixos. Para o CAT, isso demonstra que a ação climática global estagnou desde 2021.

“O efeito global combinado de ação governamental sobre as mudanças climáticas se manteve estável nos últimos três anos, ressaltando uma desconexão crítica entre a realidade da crise do clima e a falta de urgência nas políticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa”, destacou o CAT.

A análise também projetou outros cenários, condicionados ao cumprimento efetivos dos compromissos dos países formalizados até agora. Em um cenário que considera apenas as metas de mitigação para 2030, o aquecimento médio ficaria ligeiramente mais baixo, em 2,6°C até 2100. Se considerar os compromissos, ele cairia mais um pouco, para 2,1°C. Já no cenário mais otimista, que supõe o cumprimento de todos os compromissos, o aquecimento médio ficaria em 1,9°C.

O CAT também divulgou metas recomendadas para 2035 para sete das maiores economias do mundo, inclusive o Brasil, para manter viva a meta de 1,5°C de aquecimento. No caso brasileiro, o relatório indica que o país deveria reduzir suas emissões em 75% até 2030 e 85% até 2035 em relação aos níveis de 2005, ambos considerando as emissões de mudança de uso da terra; sem essas emissões, os cortes recomendados seriam de 13% até 2030 e 25% até 2035. A nova NDC brasileira projeta cortes abaixo desse patamar, de 59% a 67% de suas emissões líquidas até 2035 em comparação a 2005, 

As projeções do CAT tiveram grande destaque na imprensa, com matérias em Associated Press, Deutsche Welle, Financial Times, NY Times, Um Só Planeta e Valor.

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