Falta de hospedagem e preços abusivos desafiam organização da COP30 em Belém

A lentidão na expansão do número de leitos e a procura crescente alimentam uma “bolha” nos preços de hospedagem na capital paraense para a COP30.
13 de janeiro de 2025
(Fernando Frazão/Agência Brasil)

Uma suíte com cama de casal, na região central de Belém, por 11 noites durante a COP30, está saindo por inacreditáveis R$ 1,3 milhão. Esse é o cenário enfrentado por muitas pessoas que tentam se programar para participar da Conferência do Clima na capital paraense em novembro: oferta escassa e preços abusivos – em alguns casos, proibitivos.

O Capital Reset destacou a dificuldade enfrentada por negociadores e observadores na busca por hospedagem na COP30. Nas plataformas online, como Booking e AirBnB, várias opções estão sendo oferecidas com preços em torno de R$ 100 mil a diária. O valor é tão grande que, em alguns casos, seria mais barato comprar o imóvel do que alugá-lo.

A situação reforça uma preocupação antiga com a realização da COP30 em Belém: a baixa capacidade de sua rede hoteleira. Mesmo com projetos recentes para construção de novos hotéis e hospedagens, a expansão tem sido lenta; vários hotéis da cidade já estão com reservas esgotadas durante o período da Conferência, mesmo faltando dez meses para o evento.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da seção paraense da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PA), Antônio Santiago, disse que o setor estima que cerca de 40 mil pessoas participem da COP30 em Belém. Hoje, a cidade conta com 18 mil leitos de hotel e espera expandir essa capacidade para 45 mil a 50 mil leitos até novembro.

Ao mesmo tempo, as autoridades federais e paraenses enfrentam dificuldades para viabilizar opções alternativas de hospedagem, como navios de cruzeiro. Um dos projetos iniciais, que envolvia a dragagem do porto de Belém para permitir a ancoragem dessas embarcações de luxo, não sairá do papel. O processo, que se estenderia ao terminal petroquímico de Miramar e ao porto de Outeiro revolveria 6,14 milhões de metros cúbicos do leito do rio Amazonas, a um custo de R$ 210 milhões. Mesmo com análises técnicas indicando possíveis impactos ambientais negativos da obra, a licitação foi aberta em outubro pela Companhia Docas do Pará (CDP). De acordo com o Ministérios de Portos e Aeroportos, a licitação acabou cancelada “porque não houve empresas que atendessem às condições estabelecidas no edital”. Folha e Pará Terra Boa deram mais detalhes.

Com a suspensão da obra, o porto de Outeiro, a 30 km do centro de Belém, foi escolhido como novo espaço para a atracagem dos navios de cruzeiro. Porém, como mostrou a Folha, o porto tem um entorno populoso, com casas próximas ao terminal, sem acesso a serviços básicos como saneamento. Segundo a reportagem, a escolha foi feita sem o acompanhamento detalhado de medidas que beneficiem a população próxima ao porto.

A questão da hospedagem é apenas um dos desafios estruturais de Belém para a COP30. O Estadão sintetizou alguns desses obstáculos, especialmente em mobilidade urbana, saneamento básico e tratamento de resíduos.

  • Em tempo: O Globo destacou o resultado de uma pesquisa da VTrends, da Vivo, sobre a opinião dos brasileiros acerca da COP30. Segundo o levantamento, uma em cada três pessoas está familiarizada com a temática do evento, sendo que quase metade delas (46%) acredita que a COP deverá contribuir para que o governo tome mais medidas de combate às mudanças climáticas. Outros 45% entendem que o evento vai ajudar na conscientização da população.

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