China e União Europeia reforçam compromisso com Acordo de Paris sem os EUA de Trump

Representantes de Pequim e Bruxelas lamentam a nova saída dos EUA do Acordo de Paris e defendem a continuidade das negociações climáticas multilaterais da ONU.
21 de janeiro de 2025
(Pexels)

Um dia depois do presidente Donald Trump anunciar a saída dos EUA do Acordo de Paris, representantes da China e da União Europeia lamentaram a decisão e defenderam a continuidade do esforço multilateral de negociação sobre mudanças climáticas dentro da ONU.

“A mudança climática é um desafio comum enfrentado por toda a humanidade e nenhum país pode permanecer insensível ou resolver o problema sozinho”, comentou Guo Jiakun, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, citado pela Folha. A AFP também repercutiu essa fala.

Já integrantes da Comissão Europeia, braço executivo da UE, aproveitaram o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, para defender os compromissos sob o Acordo de Paris. “A Europa manterá o curso e continuará trabalhando com todas as nações que querem proteger a natureza e parar o aquecimento global”, destacou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, à Associated Press.

Na mesma linha, o vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, defendeu que os países europeus continuem trilhando o caminho da transição energética como a melhor resposta ao recuo dos EUA nessa agenda. “Temos que trazer nossas próprias tecnologias à tona”, disse Habeck, citado pela Reuters.

Também em Davos, o secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, afirmou que o regime multilateral para o clima resistirá a mais uma saída dos EUA impulsionando investimentos em energias renováveis ao redor do mundo.

“O mundo está passando por uma transição energética que é imparável. Só no ano passado, mais de US$ 2 trilhões foram investidos, o que se compara a US$ 1 trilhão em combustíveis fósseis. Então, o sinal é absolutamente claro”, disse Stiell durante painel da CNBC.

A movimentação da China e da União Europeia repete o que aconteceu em 2017, quando Trump retirou os EUA pela 1ª vez do Acordo de Paris. Na época, Pequim e Bruxelas se posicionaram para preencher o vácuo de liderança deixado por Washington. Mas o contexto atual é diferente daquele de oito anos atrás, o que coloca novos desafios para chineses e europeus.

A Reuters destacou alguns aspectos diferentes da nova debandada norte-americana. A começar, o rombo que se abrirá nas contas do financiamento climático internacional, que não contará com pelo menos US$ 11 bilhões prometidos pela gestão do ex-presidente Joe Biden.

Outra diferença é o impacto de médio e longo prazo da saída dos EUA. Mesmo que a Casa Branca volte ao Acordo de Paris daqui a quatro anos, a omissão garantida sob Trump pode ser a pá de cal para os esforços de contenção do aquecimento global em 1,5oC neste século.

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