Movimento antinuclear enviará a Lula abaixo-assinado contra retomada de Angra 3

Grupo afirma que termonuclear é obsoleta, representa riscos ao meio ambiente e é cara; estimativa é que sejam necessários R$ 23 bilhões adicionais para concluir a usina.
21 de janeiro de 2025
Eletronuclear Angra 3
eletronuclear.gov.br

Em sua última reunião de 2024, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) agendou para o fim de janeiro uma decisão sobre as obras da usina termonuclear de Angra 3. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é um defensor ferrenho da retomada das obras da planta. Mas, no que dependesse dos consumidores e de organizações da sociedade civil, o polêmico empreendimento ficaria no papel. Tanto pela dor no bolso que irá causar à população, como por seus riscos ambientais.

A mais recente mobilização contra Angra 3 é da Articulação Antinuclear Brasileira (AAB). O grupo está coletando assinaturas para um abaixo-assinado contra a retomada das obras da usina. O documento será enviado ao presidente Lula, conta Mônica Bergamo na Folha.

O grupo afirma que o empreendimento é obsoleto, representa riscos ao meio ambiente e é caro. Segundo um estudo de viabilidade técnica, econômica e jurídica feito pelo BNDES e entregue à Eletronuclear no ano passado, a estimativa é que sejam necessários cerca de R$ 23 bilhões para se concluir o projeto.

Mas a cifra apontada pelo BNDES diz respeito apenas à conclusão das obras, e não aos custos da tarifa de Angra 3 – muito mais alta que as de usinas eólicas e solares. Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal federal responsável pelo planejamento energético, ao qual o Estadão teve acesso, mostra que a usina pode custar até R$ 61,5 bilhões a mais nas contas de luz da população por um período de 40 anos.

A premissa do estudo da EPE é de que o custo de energia de Angra 3 será de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh), apontado pelo BNDES, levando em conta tudo que já foi gasto na obra e o que precisará ser pago para a conclusão do projeto. Em todas as simulações comparativas com outras fontes de eletricidade disponíveis no Brasil o consumidor pagaria a mais, com contas que vão de R$ 21,09 bilhões a R$ 61,55 bilhões em 40 anos.

Mesmo assim, dias depois das cifras terem se tornado públicas, um outro relatório da EPE visto pelo Valor defendia a construção de Angra 3, supostamente para evitar custos elevados do abandono do projeto, ajudar a moderar custos sistêmicos e prover segurança energética e confiabilidade ao sistema. A EPE chegou ao ponto de dizer que a termonuclear contribuiria para aumentar a descarbonização e a “resiliência climática” da matriz energética brasileira. O argumento é bastante duvidoso.

Por isso, na carta para Lula, a AAB lembra que “não há dinheiro para tudo”. A entidade destaca que o governo deveria usar os R$ 23 bilhões de Angra 3 para ações de reflorestamento e de combate ao desmatamento. E também afirma que a usina tem “riscos embutidos” pois “é um projeto arcaico e com equipamentos obsoletos”, além de ir na contramão da Política Nacional de Transição Energética (PNTE).

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