
O mercado internacional de carros elétricos pode estar desaquecido, com a queda nas vendas nos Estados Unidos e Europa e as dificuldades políticas e econômicas da Tesla, líder global do segmento. Mas, em alguns países da Ásia o cenário é totalmente diferente: o momento atual é de otimismo e confiança no crescimento da mobilidade eletrificada, com diversos governos apostando alto para se tornarem a nova superpotência global dos carros elétricos.
A Economist abordou a movimentação de países como Tailândia, Indonésia e Vietnã, cujos governos estão investindo altas quantias no desenvolvimento de novas plantas industriais de veículos eletrificados e na popularização da tecnologia entre seus consumidores domésticos. A ideia dessas nações é se posicionar como centros de produção cruciais, ao mesmo tempo em que se beneficia com resultados colaterais da expansão dos elétricos, como a redução da poluição atmosférica nas grandes cidades.
O plano é ambicioso e implica em riscos consideráveis. Este é o caso da Tailândia, que vem apostando em isenções tributárias e pagamentos diretos para impulsionar as vendas de carros elétricos, a tal ponto que vários modelos estão sendo vendidos a preço mais baixo do que veículos a combustão. Hoje, os elétricos respondem por 15% das vendas de automóveis do país, que já é o maior produtor de automóveis do Sudeste Asiático.
Por outro lado, os carros elétricos exigem menos peças do que os veículos a combustão e as fábricas chinesas de elétricos instaladas na Tailândia importam boa parte de suas peças da própria China. Ou seja, o setor já prevê a possibilidade de uma redução líquida nos postos de trabalho na cadeia automobilística, mesmo com o crescimento da produção.
Já a Indonésia buscou um caminho mais realista, com foco nos produtores, por meio de incentivos fiscais e vantagens de investimento governamental. O país asiático também se beneficia de seu domínio de minerais essenciais para a cadeia dos carros elétricos, como o níquel. Como resultado, o mercado indonésio atraiu montadoras chinesas, com investimentos de US$ 29 bilhões. No entanto, isso não se refletiu em ganhos significativos em termos da cadeia, já que os veículos estão sendo montados a partir de kits importados da China.
O Vietnã apostou no desenvolvimento de uma montadora campeã nacional, a VinFast, para consolidar o mercado doméstico e avançar em países vizinhos, como a própria Indonésia. A empresa, que tem conexões com o governo vietnamita, conseguiu aumentar suas vendas e entregas, mas ainda sofre para sair do vermelho – sua margem bruta de receita é de -45% e, na prática, sobrevive por meio de aplicações de seu proprietário, o bilionário Pham Nhat Vuong.
Estadão e Folha publicaram traduções da reportagem.



