
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) iniciaram na 2ª feira (21/4) suas reuniões de primavera. Como Financial Times e NY Times destacaram, é uma oportunidade valiosa para especialistas em finanças e desenvolvimento fazerem um balanço da turbulência causada por Donald Trump, que também ameaça a solidez das próprias instituições. Mas, quanto à agenda climática, é o Banco Mundial quem enfrenta incertezas sobre o que fazer diante do negacionismo do “senhor laranja”.
Ajay Banga assumiu o Banco Mundial em junho de 2023, após a saída do indicado por Trump, David Malpass, que enfrentava crescente pressão pública por sua suposta falta de entusiasmo pelo financiamento climático. Rapidamente o novo mandatário mudou o foco, enfatizando a necessidade do Banco Mundial abordar as ameaças que as mudanças climáticas representam para os países de baixa renda que apoia.
Analistas afirmaram que uma ação mais ampla da instituição e de outros bancos multilaterais de desenvolvimento será crucial para que o mundo cumpra as metas do Acordo de Paris. No entanto, com Trump na Casa Branca, o Banco Mundial suavizou sua antiga defesa da ação climática, destacou o POLITICO.
Banga tem enfatizado empregos e fontes de energia apoiadas pelos republicanos, como nuclear e gás fóssil, e também afirmou que os investimentos climáticos não interferem na missão principal da instituição, a de reduzir a pobreza. Mas a mensagem sinaliza uma ruptura com a sólida defesa pública do histórico climático do banco sob o presidente Joe Biden, que o indicou, em parte, para impulsionar o crédito verde.
Questionado se ainda estava comprometido com a meta de destinar 45% do financiamento anual do banco a projetos ligados ao clima, Banga disse que muitos desses projetos serão meramente “desenvolvimento inteligente” com benefícios climáticos, explicou a Reuters. E que metade do financiamento seria destinado a ajudar países com a resiliência e a adaptação climática.
Os encontros semestrais do FMI e do Banco Mundial são movimentados, com conversas de alto nível sobre políticas multilaterais. Mas também momento para reuniões individuais entre ministros das finanças ansiosos para intermediar acordos sobre temas como financiamento de projetos, investimento estrangeiro no país e, para economias mais pobres, alívio da dívida, detalhou a Reuters.
O Brasil será representado pela secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, líder da comitiva brasileira nessas reuniões. Segundo o Valor, a agenda da secretária contempla compromissos relacionados a finanças globais, transição verde, governança multilateral, integração Sul-Sul (em especial sobre o BRICS) e parcerias estratégicas para o financiamento climático.
Em tempo: Organizações filantrópicas dos EUA focadas na agenda climática se preparam contra um possível movimento do governo Trump para revogar isenções fiscais. As entidades discutem ações executivas que esperam do presidente dos EUA, incluindo uma mudança nas regras para remover o finacimento àa projetos relacionados com as mudanças climáticas e bloquear o uso de recursos filantrópicos em financiamento de projetos no exterior, explicou o Climate Home News.



