
A seis meses da COP30, o governo corre contra o tempo para tentar resolver gargalos na logística e na infraestrutura de Belém. Além das preocupações com a hospedagem, tanto em relação à disponibilidade de leitos quanto aos valores cobrados, estão no radar os preços das passagens aéreas para a capital do Pará.
Segundo a Folha, o governo quer fechar um acordo com a rede hoteleira do Pará para que as empresas respeitem uma faixa de variação de preços de hospedagens durante a conferência climática baseada no que é praticado no Círio de Nazaré. A festa religiosa, que acontece em outubro, atrai milhões de pessoas para Belém e é um dos pontos altos do calendário turístico do estado.
A enxuta rede hoteleira de Belém é um desafio. A cidade contabiliza um déficit de 14.000 leitos em relação à meta do governo federal e do estado para receber os participantes do evento, explicou a Folha. O gargalo já provocou mudanças na programação da COP30, como a antecipação da reunião de líderes para o começo de novembro.
As autoridades federais ainda monitoram os valores de passagens aéreas, que devem ser negociadas com empresas do setor também levando em conta a realidade do mercado na festa religiosa. Em 2024, mais de 2 milhões de pessoas acompanharam o Círio em Belém.
Mas os gargalos de Belém não param aí. O deslocamento pela cidade é outro problema. O crescimento do número de carros nos últimos anos e a frota antiga de ônibus afetam a circulação na capital paraense, que tem um trânsito caótico, destaca a Folha.
Entre as obras para melhorar o trânsito em Belém e na região metropolitana estão o prolongamento e a duplicação da rua da Marinha e a construção da avenida Liberdade. Ambas são criticadas por ambientalistas pelo impacto em áreas de floresta. O governo do Pará, porém, diz que as obras respeitam a legislação.
As obras para a COP30 continuam à toda na capital paraense, mas o legado para a população ainda é uma incógnita, abordaram Valor e O Globo. Sem falar no temor de que algumas delas não fiquem prontas a tempo da conferência.
O secretário de Infraestrutura e Logística do Pará, Adler Silveira, afirmou que o objetivo das obras é melhorar a infraestrutura da capital paraense. Mais de 30 delas são feitas com recursos federais e estaduais, somando mais de R$ 4,5 bilhões, segundo o governo paraense. A maioria dos projetos já existia no papel, como o BRT Belém, que é de 2012.
Um problema crônico e cuja solução ainda é dúvida é o saneamento básico, sobretudo nas 39 ilhas que representam 65% do território de Belém. No abastecimento de água, diferentemente da área continental da cidade, que na sua maioria é abastecida pela rede de distribuição ligada aos mananciais da Área de Proteção Ambiental (APA) da região metropolitana de Belém, como os lagos Água Preta e Bolonha, grande parte da região insular depende de sistemas de distribuição independentes. A criação de infraestrutura também depende de um planejamento ambiental, explicou a Agência Brasil.
O mesmo problema ocorre com o sistema de esgoto. Na ilha do Combu, por exemplo, uma APA distante apenas 1,5 km do centro histórico de Belém, a maior parte das 596 famílias que lá vivem possui fossa séptica, mas, com o turismo crescente no local, as estruturas existentes acabam não sendo adequadas para atender também os visitantes.
Em tempo: Fernando Brandão é advogado de garimpeiros e caçador de javalis, credenciais que deveriam impedir qualquer pessoa de assumir cargos em uma pasta ambiental. Mas o ex-vereador de Sinop (MT), que também é acusado de extorsão, assumiu um posto estratégico na Secretaria de Meio Ambiente do Pará a seis meses da COP30, informou a Repórter Brasil. Brandão foi nomeado coordenador do Núcleo Regional de Gestão e Regularidade Ambiental da secretaria na 4ª feira (30/4), por indicação do deputado estadual Wescley Tomaz (Avante), de quem é próximo. Ele terá responsabilidade direta sobre licenciamento ambiental, fiscalização e regularização de atividades que impactam a Floresta Amazônica. Entre elas, a autorização de garimpos em áreas estaduais nos municípios de Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, Rurópolis, Trairão e Aveiro.



