
Faltando pouco mais de 120 dias para a COP30, o impasse em torno dos preços das hospedagens em Belém (PA) ainda consome tempo e energia do governo federal. A defesa da realização do evento na capital paraense foi reforçada pelo presidente Lula durante a coletiva de imprensa no final da cúpula do BRICS na última 2ª feira (7/7), que contou com a participação do presidente-designado da COP, o embaixador André Corrêa do Lago.
“A COP vai ser em Belém”, reiterou Corrêa do Lago aos jornalistas, a pedido do próprio Lula. “Belém está se preparando incrivelmente bem para a COP, vai ser o máximo fazer a COP na Amazônia. Tem algumas situações, mas elas estão sendo contornadas”. O Poder360 repercutiu a fala.
O discurso do Brasil ainda não aplacou a ansiedade das delegações estrangeiras, especialmente dos países em desenvolvimento, além da sociedade civil. “A questão da acomodação é uma grande preocupação para nós”, reconheceu Richard Stanslaus Muyungi, negociador da Tanzânia e líder do grupo africano de negociação, à Folha. “Ainda não recebemos nenhuma resposta adequada a essas preocupações”.
Segundo O Globo, muitos países avaliam reduzir o tamanho de suas equipes de negociação na COP30 se não houver uma adequação dos preços das hospedagens em Belém. O valor médio dos quartos varia de US$ 500 a US$ 2 mil por noite, acima dos padrões normais praticados nas COPs anteriores. Outro problema é o atraso da plataforma oficial de reservas, prometida pelo Brasil para o final de junho, mas que ainda não está no ar.
“É verdade que [os preços das acomodações] estão extremamente elevados. Também acho que tem uma expectativa, porque é na Amazônia que tem que ser barato, sabe? Quando era em Dubai, ninguém se preocupava em pagar 200, 300, 400 dólares por um quarto. Mas, obviamente, é muito recurso para se pagar num quarto de hotel, principalmente para a sociedade civil ou mesmo delegações”, comentou a CEO da COP30, Ana Toni, em entrevista à Deutsche Welle.
A Folha e o g1 informaram que o Ministério das Cidades ofereceu habitações do programa Minha Casa, Minha Vida em Belém para tentar ajudar a suprir o déficit de leitos. A ideia seria utilizar esses espaços para abrigar equipes do próprio governo federal envolvidas na COP. A Folha também noticiou que a Polícia Rodoviária Federal vai usar salas de aula para improvisar alojamentos para cerca de 900 agentes que atuarão na COP.
Em tempo: Sobre as negociações climáticas, o Sumaúma detalhou as disputas que se avizinham com a COP30. Um dos desafios mais importantes do Brasil será encarar o impasse entre países ricos e pobres sobre financiamento climático e eliminação dos combustíveis fósseis, que podem tornar a Conferência em uma batalha diplomática paralisante. Enquanto a União Europeia resiste a ampliar recursos, nações como China, Índia e Arábia Saudita pressionam por mais apoio financeiro e flexibilidade na transição energética. O Brasil, como anfitrião, tenta mediar o conflito, mas negociadores admitem o risco de um início tumultuado. Diante das divisões, o comando brasileiro aposta em uma agenda de ação paralela, com compromissos voluntários de governos e empresas para implementar as metas do Acordo de Paris.



