Desmatamento cresce 27% na Amazônia e cai 10% no Cerrado no 1º semestre de 2025

Mato Grosso lidera entre os estados da Amazônia Legal; ataques à Moratória da Soja e avanço do PL da Devastação trazem perspectivas desanimadoras.
13 de julho de 2025
desmatamento
Reprodução/Arquivo/Agência Pará

Os novos dados do sistema DETER, do INPE, trazem um cenário de avanços e recuos no combate ao desmatamento na primeira metade de 2025. Pelo lado positivo, o Cerrado apresentou redução de 10% nos alertas de desmatamento nos seis primeiros meses do ano, com 3.358,3 km² desmatados ante 3.724,3 km² em 2024. Já pelo lado negativo, os alertas de desmate na Amazônia aumentaram 27% no primeiro semestre de 2025, passando de 1.644,9 km² em 2024 para 2.090,3 km².

Em junho, a Amazônia registrou relativa estabilidade, com alertas de desmate abrangendo uma área total de 457 km² – queda de 0,8% em relação a 2024, o menor índice para o mês desde 2016. No entanto, os dados semestrais reforçam uma tendência de alta, já observada em meses anteriores. Mato Grosso foi o estado que mais desmatou, respondendo por 1.551,8 km² – mais que o dobro do registrado no primeiro semestre de 2024. Pará (833,5 km²) e Amazonas (774,4 km²) aparecem em seguida.

O Ministério do Meio Ambiente atribui parte do aumento aos incêndios intensos ocorridos entre agosto e outubro de 2024, agravados pela seca extrema na região. Já a pesquisadora Ane Alencar, do IPAM, pontuou à Folha que parte do aumento se deve a incêndios em áreas antes encobertas por nuvens. Ela alerta para possível estagnação na queda no desmatamento na falta de ações inovadoras.

“A extensão territorial afetada pelo fogo é contabilizada pelo satélite apenas no início do período seco, quando há menor concentração de nuvens no céu”, confirmou o MMA em nota divulgada na íntegra pelo jornal O Globo. A pasta afirmou que o “desmatamento com vegetação”, correspondente a locais atingidos pelo fogo, teve alta de 266% de janeiro a junho de 2025, na comparação ao mesmo período do ano anterior. Já o desmatamento por corte raso manteve-se estável no período.

Ao g1, a porta-voz de Florestas do Greenpeace Brasil, Ana Clis Ferreira,  relacionou o crescimento do desmate a possíveis retrocessos nas políticas ambientais, citando especificamente pressões contra a Moratória da Soja. “A Moratória da Soja tem sido essencial para conter a destruição, mas está sob ataque, e o PL [2159/2021, vulgo “PL da Devastação] pode agravar a situação ao facilitar o desmatamento”, afirmou.

Já a queda no desmatamento do Cerrado é atribuída à maior articulação entre governo federal e estados. No entanto, o bioma enfrenta desafios devido à permissividade do Código Florestal, o qual permite desmatar até 80% de propriedades privadas em algumas áreas. Piauí, Tocantins e Maranhão lideram a devastação. Especialistas avisam que, ao flexibilizar o licenciamento ambiental, o PL 2.159/2021 pode agravar a situação no bioma.  

Estadão, Poder 360, Deutsche WellePará Terra Boa, entre outros, repercutiram os dados do DETER/INPE.

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