
Quase um mês depois do prometido, o governo federal lançou o aguardado portal de reservas de hospedagem para a COP30, em Belém (PA). A iniciativa tenta solucionar tanto a baixa oferta de leitos na cidade como os preços astronômicos cobrados pela hospedagem. Mas o que seria uma ação para acalmar os ânimos parece não ter sido efetiva para isso.
Num primeiro momento, a oferta de opções no portal será disponibilizada apenas a 98 países menos desenvolvidos e insulares, com diárias de até US$ 220, de acordo com Climate Home e Um Só Planeta. Para os demais, o teto será de US$ 600. Ainda assim, o valor menor não agradou. “Mesmo com o teto de US$ 220, ainda está muito acima do que a maioria dos nossos delegados pode pagar. E isso sem contar alimentação e transporte”, disse um representante do Timor-Leste.
Segundo O Globo, a preferência aos 98 países também não repercutiu bem entre outras nações. Representantes de nações da América Latina criticaram a prioridade. Entre as queixas, o fato de a região que vai receber a conferência do clima não ter sido contemplada. Já um negociador africano apontou divergências, como o caso do Quênia, país contemplado, mesmo tendo renda per capita quase três vezes maior que a da Nigéria, que ficou ausente.
Como a Agência Brasil relatou, muitos dos quartos são oferecidos em dois navios de cruzeiro – MSC Seaview e Costa Diadema –, que atracarão no Porto de Outeiro, a 30 minutos de carro do local da cúpula, oferecendo 3.900 cabines e 6.000 camas. Para firmar a parceria, porém, foi preciso oferecer uma garantia de R$259 milhões às empresas, valor que precisará ser repassado caso as embarcações acabem com capacidade ociosa durante o encontro, de acordo com o percentual de desocupação, explicou O Globo.
As medidas são uma tentativa do governo brasileiro de dissipar as críticas à escolha de Belém para sediar a COP30, lembrou a Bloomberg. “Teremos imóveis suficientes, teremos quartos suficientes para todos, não há dúvida disso”, disse Valter Correia, secretário especial do Brasil para a conferência do clima. “Só precisamos encontrar os preços certos para cada público”, completou.
Em tempo: Pouco mais de 20 países apresentaram até agora suas NDCs. O prazo de entrega, que se encerrava em fevereiro, foi estendido até setembro. Mesmo com a proximidade do deadline e a baixa adesão até o momento, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, está otimista e acredita que a demora pode resultar em metas climáticas mais ambiciosas e bem elaboradas, destacou a CNN Brasil. Que ele esteja certo.



