Terras de afrodescendentes e quilombolas têm 55% menos desmatamento

Estudo mostra territórios destes Povos com menor perda florestal, mais biodiversidade e retenção de carbono.
23 de julho de 2025
terras de afrodescendentes e quilombolas têm 55% menos desmatamento
Gilvani Scatolin/ISA/Direitos Re

Um estudo inédito conduzido pela ONG Conservation Internacional e publicado na 3ªfeira (22/7) na revista Communications Earth and Environment, do grupo Nature, mostra que o desmatamento em terras dos afrodescendentes de Brasil, Colômbia, Equador e Suriname têm taxas de 29% a 55% menores do que áreas similares sem titulação.

O estudo combina 21 anos de dados estatísticos e especiais com dados históricos para quantificar o papel dos Povos Afrodescendentes, como os Quilombolas, na proteção da Natureza e no combate à crise climática. Mesmo territórios sem titulação se destacam com menor perda florestal, maior nível de biodiversidade e retenção de carbono.

Como assinalaram Folha e Valor Econômico, as Terras Quilombolas apresentam menor desmatamento mesmo quando comparadas a Unidades de Conservação. 

Segundo o Mongabay, “mais da metade dessas terras estão no top 5% das regiões com maior biodiversidade do mundo, sobrepondo-se ao habitat de mais de 4.000 espécies de vertebrados terrestres, 9% das quais estão listadas como ameaçadas na Lista Vermelha da IUCN.”

O estudo ainda mostra que as Terras Quilombolas estudadas armazenam mais de 486 milhões de toneladas de carbono – que se for perdido por desmatamento ou degradação, não pode ser recuperado em tempo hábil para evitar os piores impactos da crise climática.

As Terras Quilombolas brasileiras representam 39% do total pesquisado. O InfoAmazonia observou que apenas 4,3% da população quilombola reside em territórios titulados, segundo Censo de 2022 do IBGE. Quilombolas representam 0,65% do total de brasileiros (cerca de 1,32 milhão de pessoas). 

“O Brasil tem a maior população de afrodescendentes fora do continente africano e eles são extremamente invisibilizados, têm pedido financiamento recorrentemente nas últimas conferências de clima, falado da importância de serem ouvidos nos processos e têm sido muitas vezes negligenciados”, afirmou Marina Marçal, advogada brasileira, especialista em políticas climáticas e líder no Brasil da Waverley Street Foundation.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar