Entraves logísticos preocupam governo para a COP30

Altos preços de hospedagem desafiam o governo federal, que deve sugerir aumento de repasse da ONU para participação de países mais pobres.
5 de agosto de 2025
cop30 entraves logísticos
Custódio Coimbra / StreetView

A crise provocada pela reação de países africanos e latino-americanos contra os altos preços de hospedagem para a COP30 em Belém (PA) segue preocupando o governo brasileiro. A organização da Conferência tenta conter as críticas e garantir que todos os participantes terão opções de estadia na capital paraense.

De acordo com o g1, uma das ideias estudadas é colocar em discussão na reunião com representantes diplomáticos no próximo dia 14 o aumento da ajuda de custeio repassada pela ONU aos países menos desenvolvidos e pequenas nações insulares. Hoje, esse valor é inferior a US$150 por dia.

“Como Belém não tem tradição de grandes eventos internacionais, a diária é muito baixa, então a discussão é para ver se a ONU consegue dar um percentual a mais dessa diária, uma diária e meia, ou duas diárias, para que ajude nesses esforços [de garantir hospedagem]”, explicou Valter Correia, chefe da Secretaria Extraordinária da COP30 (SeCOP).

O esforço para aumentar a ajuda de custo da ONU acontece em meio a críticas acentuadas à carestia da hospedagem em Belém para a COP30. O Globo e UOL deram destaque a um hotel três estrelas cobrando quase o dobro do valor praticado pelo hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. As diárias para o período de 10 a 21 de novembro no hotel em Belém somam R$ 85 mil, enquanto os endinheirados que visitam o RJ pagarão R$ 47 mil no quarto de um dos hotéis mais luxuosos do Brasil.

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) classificou os altos preços cobrados pelos hotéis em Belém como um “verdadeiro achaque” aos representantes dos países mais pobres: “Não podemos aceitar que países que estão preocupados com o futuro das suas existências não possam participar”, disse Marina após participar de um painel na Feira Literária de Paraty (FLIP). Agência Brasil, Estadão e UOL repercutiram a fala.

Em sua coluna na Rádio Eldorado (Estadão), Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, reforçou a responsabilidade das autoridades brasileiras pela crise logística. “É essencialmente um problema de gerenciamento do governo brasileiro. Não é um problema da cidade [Belém]”, afirmou.

A questão dos altos preços de hospedagem é o mais grave entrave logístico a ameaçar a COP30, mas não é o único. Fontes ouvidas pelo Valor indicaram uma preocupação nova: o risco do sistema elétrico local não suportar a demanda de energia durante o evento, o que exigiria o uso de geradores a diesel – um contrassenso considerando que os combustíveis fósseis são os principais responsáveis pela crise climática.

Nossa redação sugere ao ministro Rui Costa e à sua SeCOP a avaliação da capacidade da rede celular e da largura de banda disponível, antes que estas  virem outra crise logística.

  • Em tempo: O Metrópoles trouxe detalhes de uma investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre indícios de corrupção em uma licitação realizada pelo governo do estado do Pará para a realização da COP30. A prisão de um policial militar em outubro de 2024 em Belém, enquanto sacava R$ 5 milhões em uma agência do Banco do Brasil, foi o estopim para o inquérito. O dinheiro seria retirado das contas de duas empreiteiras que obtiveram contratos referentes ao evento que totalizam quase R$ 300 milhões.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar