
Às vésperas do que seria, em teoria, o encerramento da negociação sobre o Tratado Global Contra Poluição Plástica, os 180 negociadores trabalhando em Genebra estão longe de alcançar um acordo. Os entraves seguem os mesmos: petroestados resistem em aceitar restrições à produção de plástico, posição defendida por países do Sul Global e da União Europeia. O Brasil até agora não se comprometeu com propostas claras, o que enfraquece esforços, afirmam especialistas.
De acordo com a Coalizão Vida Sem Plástico, grupo formado por 15 organizações brasileiras que atua pela construção do tratado global, a delegação do governo brasileiro não está comprometida com soluções para conter a crise mundial, ressalta o RFI. A Coalizão também lembra que o país é o 8º maior poluidor plástico do planeta.
Enquanto petroestados buscam centrar o acordo na gestão de resíduos, países mais “ambiciosos” querem a abordagem no pacto do ciclo de vida completo dos plásticos e a eliminação gradual do emprego de aditivos químicos tóxicos. O ministro do Meio Ambiente dinamarquês, Magnus Heunicke, admitiu a “grande diferença” entre os dois lados, mas o trabalho de combate à poluição por plásticos “só ficará mais difícil quanto mais esperarmos”, informa o France 24.
O representante do Panamá para mudanças climáticas, Juan Carlos Monterrey-Gomez, afirmou ao Climate Home que seu país rejeitaria um tratado voltado apenas à gestão de resíduos. “Não é para isso que estamos trabalhando e não é disso que precisamos. O pior resultado para o Panamá não é o desacordo, é um acordo tão fraco que não mudaria nada”, disse Monterrey-Gomez.
A sociedade civil também tem pressionado para ter um texto final o mais ambicioso possível. Na 3ª feira (12/08), ambientalistas e líderes indígenas protestaram em frente aos prédios das Nações Unidas em Genebra, conta a Associated Press.
O grupo pede aos 180 representantes que decidissem por meio de votação caso não se chegue a um consenso. Como já explicamos no ClimaInfo, a praxe na ONU é o consenso, todas as nações concordando, para que uma proposta seja incluída no tratado. A votação é possível em momentos desafiadores como esse, para evitar impasses nas decisões.
Enquanto negociadores debatem o tratado a portas fechadas, o Greenpeace fez um levantamento para lembrar da urgência do combate à poluição plástica. O grupo coletou amostras de ar na cidade de Genebra nesta semana, nas quais detectou fibras e fragmentos de plástico em locais como cafés, transporte público e lojas. O estudo, frisa o Independent, encontrou materiais como poliéster, nylon, polietileno, pequenos o suficiente para penetrar profundamente nos pulmões.
Reuters e Público também trataram do tratado global contra poluição plástica.



