Calor extremo reduziu população de aves tropicais em até 38%

Sensíveis às altas temperaturas, as aves precisaram lidar com dez vezes mais dias de calor extremo nas últimas décadas do que entre 1940 e 1970.
20 de agosto de 2025
calor extremo aves tropicais
Tony Brierton/Scarlet Macaws

Um estudo publicado na Nature Ecology & Evolution busca dimensionar o impacto da crise do clima sobre as aves tropicais. E os resultados são alarmantes.

Efeito das mudanças climáticas, o aumento do calor extremo nas últimas décadas fez com que essas populações diminuíssem em cerca de um terço em relação à sua trajetória normal, mostra a pesquisa. As aves dos trópicos estão tendo de lidar com condições ambientais para as quais seu organismo não está preparado, mostra o estudo citado pela Folha.

A redução populacional das aves tropicais, estimada entre 25% e 38%, não corresponde a um número bruto. É resultado de uma análise estatística que buscou comparar os dados colhidos sobre a abundância dos indivíduos de cada espécie no cenário real, com o aumento da incidência do calor extremo nas últimas décadas, e a trajetória populacional esperada para as aves num mundo de clima estável.

As aves tropicais agora enfrentam uma média de 30 dias de calor extremo por ano, afirma o principal autor do estudo, Maximilian Kotz, do Centro Nacional de Supercomputação de Barcelona e do Instituto de Pesquisa Climática de Potsdam (PIK). Dez vezes mais do que o registrado no período de 1940 a 1970, quando ocorriam apenas três dias de temperaturas acima do normal, informa O Globo.

As aves têm grande sensibilidade à desidratação e ao estresse térmico, lembra Kotz. Esses processos fisiológicos, além de aumentar a mortalidade dos animais adultos e seus filhotes, também podem diminuir a fertilidade dos sobreviventes e afetar seu comportamento reprodutivo. É de se esperar, portanto, que a soma desses efeitos tenha repercussões negativas sobre a trajetória populacional dos animais.

Ainda que com menor intensidade, o aumento do calor extremos atinge também boa parte das regiões temperadas do planeta, a começar pela zona do mar Mediterrâneo não muito distante dos trópicos. E só aparenta desaparecer em zonas frias, mais ou menos na latitude do norte dos EUA, indica a pesquisa.

Na prática, a maior parte das espécies de aves do planeta estão sendo afetadas, já que a biodiversidade do grupo (assim como a de quase todos os demais seres vivos) é muito maior na zona tropical. “Isso tem consequências muito importantes para a forma como pensamos a conservação da biodiversidade: proteger habitats intactos é essencial, mas sem abordar as mudanças climáticas, não será suficiente para as aves”, enfatiza Kotz.VEJA, Estado de Minas e IstoÉ também repercutiram o estudo sobre o impacto do calor extremo sobre as aves tropicais.

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