Lobby da indústria influenciou posição brasileira em tratado sobre poluição plástica

Levantamento mostra diálogo intenso do governo com o lobby fóssil e escasso com a sociedade civil.
20 de agosto de 2025
poluição plástica lobby fóssil
Divulgação/The Ocean Cleanup

Um levantamento feito pelo Repórter Brasil ajuda a entender os motivos da postura ambígua do governo brasileio nas negociações do tratado global contra poluição por plásticos, que se encerraram sem sucesso na semana passada em Genebra, Suíça.

Utilizando a ferramenta Agenda Transparente desenvolvida pela organização Fiquem Sabendo, a análise identificou 87 reuniões de autoridades federais nas quais o plástico esteve em pauta entre 26 de junho de 2019 a 6 de junho de 2025. Em 56% delas, algum representante da indústria estava presente.

Os encontros não discutiram apenas os termos do tratado, mas também assuntos relacionados a legislações nacionais sobre a produção de plástico. Associações empresariais da indústria química (ABIQUIM) e do plástico (ABIPLAST) e representantes das indústrias de alimentos, de refrigerantes e de tintas, também estiveram presentes.

Por outro lado, organizações da sociedade civil defensoras da redução da produção e do banimento do uso de alguns tipos de plásticos estiveram presentes em apenas cinco reuniões – 6% do total.

O desequilíbrio no diálogo entre governo e representantes da indústria petroquímica e ambientalistas não ajudou o Brasil a ter uma posição ambiciosa nas negociações em Genebra. O país, que vinha se alinhando ao grupo de nações defensoras de um acordo com metas para a redução da produção de plástico, passou a ecoar argumentos de petroestados em prol de um acordo menos ambicioso, focado apenas na gestão de resíduos.

“A sociedade civil e a comunidade internacional esperavam muito mais do país que sediará, agora em novembro, a COP 30, onde se discutirá o futuro climático do planeta”, lamentou a Coalizão Vida Sem Plástico, rede brasileira de organizações da sociedade civil que luta contra a poluição por plásticos nos oceanos, ao Repórter Brasil.

Já no Estadão, o secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), Márcio Astrini, afirmou que os mesmos países bloqueadores do tratado contra a poluição plástica estão tentando retardar decisões das COPs sobre a redução do uso e dependência dos combustíveis fósseis. Segundo ele, a falta de consenso no tratado é um “péssimo indicativo” para a COP30.

((o)) eco também repercutiu o impacto do colapso das negociações em Genebra para o futuro do planeta.

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