
Mais um balde de água fria na cabeça das finanças internacionais ESG. Em nota divulgada nesta semana, a Net-Zero Banking Alliance (NZBA) anunciou a suspensão de suas atividades e propôs uma votação sobre o desmantelamento de sua estrutura oficial.
A decisão acontece depois de uma verdadeira debandada de bancos e instituições financeiras, principalmente dos Estados Unidos, iniciada com a volta do negacionista Donald Trump ao poder, no começo do ano. Temores de processos judiciais e perseguição política da Casa Branca também convenceram bancos de outros continentes, como Europa e Ásia, a deixarem a iniciativa.
A NZBA foi criada em 2021 na esteira da COP26 de Glasgow (Escócia) por vários dos maiores bancos do mundo, sob o compromisso de alinhar seus portfólios de empréstimos e investimentos com a meta de emissões líquidas de gases de efeito estufa zero até 2050. No entanto, como o Financial Times observou, especialistas argumentam que o grupo nunca desafiou verdadeiramente os modelos de negócios voltados para os combustíveis fósseis. A Folha também repercutiu essa análise.
Desde o Acordo de Paris, em 2015, os bancos em todo o mundo forneceram quase US$ 6,4 trilhões em títulos e empréstimos para empresas de petróleo, gás e carvão. Enquanto isso, projetos verdes receberam cerca de US$ 4,3 trilhões, detalhou a Bloomberg.
“Para aqueles que trabalham para proteger o meio ambiente e o clima, isso ressalta mais uma vez os limites dos compromissos corporativos voluntários e a necessidade urgente de medidas vinculativas, incluindo fortes ações regulatórias, para desencadear mudanças reais”, disse Lucie Pinson, fundadora da organização sem fins lucrativos Reclaim Finance.
A NZBA agora pede aos membros remanescentes que decidam se o grupo deve continuar existindo como uma organização baseada em membros. A entidade propôs a continuidade do grupo como um órgão consultivo sem integrantes. “Esse é o modelo mais apropriado para continuar apoiando os bancos em todo o mundo para que permaneçam resilientes e acelerem a transição da economia real em linha com o Acordo de Paris”, disse em comunicado. O resultado da votação deve ser divulgado no final de setembro.
Axios, Telegraph e Business Green também abordaram a notícia.



