Ministério da Agricultura endossa críticas ao Plano Clima que ele mesmo ajudou a elaborar

Setor agropecuário faz pressão pela retirada de parte da responsabilidade dos cortes de emissões.
3 de setembro de 2025
ministério da agricultura plano clima
Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Quando o Plano Clima veio à público para contribuições da sociedade no início de agosto, o agronegócio iniciou uma série de pressões sobre o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para que o texto fosse mudado. A EMBRAPA e a pasta, comandada por Carlos Fávaro, elaborou uma nota técnica endossando a crítica. No entanto, como a Folha apurou, o MAPA havia participado diretamente da construção do documento.

O Plano Clima estabelece diretrizes para a redução das emissões de gases de efeito estufa de sete setores da economia brasileira, em busca de alinhamento às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) do país. Fávaro só começou a pedir alterações no texto depois de receber representantes da EMBRAPA e da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

As entidades demandam que parte do desmatamento atribuido ao setor deve ser realocada aos setores de conservação da Natureza e energia; reclamam da desconsideração da absorção de CO2 promovida pelo agronegócio; e reclamam das propostas darem munição para políticas protecionistas de outros países.

O ex-ministro da Agricultura e atual enviado especial da COP30 para o setor, Roberto Rodrigues, ameaçou renunciar à posição caso o Plano Clima seja aprovado da forma que está, apurou o Capital Reset.

Na Agência Pública, Giovana Girardi destaca o argumento do vice-presidente da FPA, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), quanto ao Plano Clima concentrar “a maior carga de obrigações sobre quem mais preserva”, pasmem, o agronegócio. O argumento é comumente utilizado pela bancada ruralista. Porém, dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima de 2023 mostram que cerca de 72% das emissões de gases do efeito estufa brasileiras provêm da agropecuária e do desmatamento, este último que, ao fim e ao cabo, gera novas áreas para o setor.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o texto atual pode sofrer alterações – mas não por pressão do agronegócio, mas devido às cerca de 2 mil contribuições recebidas durante a fase de consulta pública. Somente o Plano Setorial de Agricultura e Pecuária recebeu cerca de 400 delas, conta ((o)) eco.

A versão final do Plano Clima deve ser aprovada por todos os ministros até a COP30, em novembro.

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