
Faltam 60 dias para a abertura da COP30 em Belém (PA), mas a maior parte dos países participantes ainda não tem reserva de hospedagem confirmada na capital paraense. Como o Metrópoles assinalou, 68 delegações estão com hospedagem garantida – o que representa um aumento em relação a agosto, mas ainda muito baixo em comparação com outras COPs.
A crise da hospedagem em Belém eclodiu no final de julho, quando negociadores de países africanos questionaram os altos preços e as opções limitadas de estadia. O governo brasileiro criou uma força-tarefa para facilitar a confirmação das reservas e aplacou, ao menos momentaneamente, as críticas à organização da COP30.
A carestia dos hotéis deve prejudicar até mesmo a participação de líderes internacionais na cúpula de chefes de estado, que acontece na semana anterior à abertura da COP. Poucos governos confirmaram a presença de seus líderes em Belém, como a França de Emmanuel Macron; a maior parte ainda está incerta. Entre as negativas já confirmadas, está o presidente da Áustria, Alexander van der Bellen.
A situação é mais delicada entre os representantes da sociedade civil que participarão da COP30 como observadores. Os altos preços de hospedagem estão forçando uma rediscussão sobre a capacidade dessas organizações de participar da COP neste ano; muitas entidades estão optando por enviar poucos representantes ou, nos piores casos, não enviar ninguém.
Em entrevista ao jornal O Globo, a ativista Rachitaa Gupta, coordenadora da campanha global Demand Climate Justice (DCJ), acusou a presidência da COP30 de estar “desconectada da realidade” diante do problema das acomodações em Belém. Segundo ela, 80% dos 250 integrantes do grupo ainda não estão com hospedagem garantida.
“Nos últimos anos, temos visto que as COPs começaram cada vez mais a serem tratadas como atração turística pelos países anfitriões. (…) Mas isso é problemático. A COP não é um evento turístico, não é como um festival de música ou evento esportivo. É um espaço essencial de política de tratado global, que é muito importante para enfrentar a catástrofe climática em que nos encontramos”, afirmou Gupta.



