
A poucos dias do fim do 2º prazo dado pela ONU para que os países entreguem suas metas climáticas (NDCs) para a COP30 – o prazo anterior era fevereiro –, a União Europeia, um dos maiores emissores históricos do mundo, continua num impasse. A definição da meta, prevista para esta semana, ficou para outubro. Depois, portanto, do limite dado pelas Nações Unidas.
Os países do bloco suspenderam os planos de aprovar a nova meta climática após governos de vários países, incluindo França e Alemanha, falarem em “pressa” para fechar um acordo, informa a Reuters, em matéria traduzida pelo Valor. As duas maiores economias da UE se uniram para levar os números propostos a seus chefes de governo, destaca a Bloomberg.
As nações europeias discutem uma meta legalmente vinculante de reduzir em 90% as emissões líquidas de gases de efeito estufa do bloco até 2040 em relação aos níveis de 1990. Segundo a proposta, parte desse corte poderia ser alcançado por meio da compra de créditos de carbono no exterior. A Comissão Europeia afirmou que isso daria segurança aos investidores e manteria a Europa no caminho para atingir a neutralidade de carbono até 2050.
A presidência dinamarquesa da UE, atualmente liderando o Conselho Europeu, queria que os ministros de Meio Ambiente do bloco votassem a meta na próxima 5ª feira (18/9). Mas, segundo o Euronews, os estados-membros ainda não estavam prontos, e a questão seria adiada para ser discutida e acordada pelos chefes de Estado durante uma cúpula em outubro.
No total, 11 dos 27 países da UE pediram adiamento numa reunião preparatória na semana passada, contaram ao POLITICO três diplomatas. Além de Alemanha e França, o adiamento foi pedido por República Tcheca, Malta, Áustria, Eslováquia, Romênia, Hungria, Letônia, Itália e Polônia.
“Sempre foi nossa ambição… chegar a um acordo sobre uma meta da UE para 2040 o mais rápido possível. Nunca escondi o fato de que é uma tarefa difícil e politicamente complexa”, lamentou o Ministro do Clima dinamarquês, Lars Aagaard, após a reunião.
O impasse sobre a nova meta climática se dá num momento em que a Europa sofre com ondas de calor e incêndios florestais recordes em vários países. A Folha cita reportagem do Guardian, que teve acesso a um documento das negociações, citando vários espaços em branco em lugar de números nas NDCs.
“É decepcionante ver que as discussões internas ainda não têm valores-alvo. Está ficando muito tarde. Agora é extremamente urgente que a UE apresente uma nova meta climática nas negociações internacionais. Até o momento, apenas 28 dos 196 países apresentaram uma nova meta. Somente a apresentação da UE poderia desencadear um impulso e levar outros países a seguirem o exemplo”, lamentou Niklas Höhne, cofundador do New Climate Institute.
Exame, Veja, Financial Times e Bloomberg também repercutiram o adiamento da meta climática da UE.



