
Depois da ONU pedir a seus órgãos internos para reduzirem as delegações que vão à COP30, em Belém (PA), a Reuters informou que o governo brasileiro também está seguindo o mesmo caminho como uma maneira de minimizar a pressão por hospedagem na capital paraense, que ainda sofre com altos preços. Assim, a delegação brasileira no evento também deverá ser menor.
Segundo o Valor, a ordem é enxugar tanto as equipes dos ministérios, especialmente assessores e auxiliares, quanto representantes da sociedade civil. Com isso, o governo espera evitar que sua equipe ocupe vagas que poderiam ser destinadas às delegações estrangeiras.
A orientação reacendeu um incômodo na Esplanada sobre a escolha de Belém para sediar a conferência do clima. O risco de superlotação (e superpreços) do setor hoteleiro na capital paraense gerou comparações com a realização de eventos internacionais no Rio de Janeiro, como as cúpulas do Brics e do G20.
Destacada pela imprensa, a crise da hospedagem para a COP30 foi percebida pela população. Uma pesquisa Ipsos-Ipec divulgada ontem (15/9) mostra que 43% dos brasileiros acreditam que a escolha de Belém foi equivocada e que a cidade deveria ser substituída por um local com maior infraestrutura, informa O Globo. Já 33% consideram acertada a escolha.
Apesar dos questionamentos, a vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, anunciou no fim de semana que houve redução de 31% no preço das diárias de quartos e imóveis nas plataformas de aluguel por temporada durante a COP30, informam Pará Terra Boa e CNN Brasil. Segundo ela, 135 delegações já confirmaram presença, de um total de 196 países.
Os entraves logísticos da capital paraense viraram a “cereja do bolo” dos problemas que o governo brasileiro enfrentará na conferência do clima. Faltando menos de dois meses, multiplicam-se críticas sobre a organização do evento. Mas antes fosse “apenas” isso, de acordo com o NY Times, em matéria repercutida n’O Globo.
Os Estados Unidos, o maior poluidor histórico do planeta, não deverão aparecer em Belém – e se aparecerem, será mais para tumultuar do que para ajudar, indicou o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright. Os bilhões de dólares de que os países pobres precisam para lidar com catástrofes climáticas não se materializaram. Ativistas acusam o Brasil de hipocrisia por estar prestes a explorar petróleo na Foz do Amazonas, no litoral amazônico. Sem falar na pressão por uma revisão em todo o sistema de diplomacia climática.
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Em tempo 1: Como nada é tão ruim que não possa piorar, após protestos no centro de Belém ontem, centenas de operários da construção civil decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta 3ª feira (16/9). A paralisação vai afetar diretamente as obras para a construção de hotéis e imóveis para a COP30, segundo a Folha.
Em tempo 2: Se de um lado há reclamações sobre a escolha de Belém para sediar a COP30, de outro comerciantes e prestadores de serviço da capital paraense estão animados com a conferência do clima. Além de pratos e sorvetes criados para o evento, está à venda no icônico mercado Ver-O-Peso a poção “chama gringo”, diante da expectativa com as delegações estrangeiras na cidade. A “chama gringo” é feita por erveiras, conhecidas por vender poções coloridas em pequenos frascos de vidro, que prometem de tudo, de passar em concurso a reconquistar o ex-amor. A Folha deu mais detalhes.



