
A gestão de Donald Trump nos EUA tem atacado a ciência de todos os lados. Um dos casos mais emblemáticos é a demissão de cerca de 800 funcionários da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), em fevereiro deste ano, que também afetou trabalhadores do portal climate.gov. Como forma de salvar as informações que estão sendo apagadas do site, ex-funcionários se reuniram para “relançar” uma nova versão, o climate.us.
O endereço, fora do domínio americano, é uma forma de proteger o portal de interferências políticas. “Em um momento em que informações climáticas críticas estão sendo excluídas ou distorcidas, estamos nos mobilizando para resgatar recursos climáticos essenciais e para garantir que o público tenha acesso fácil e contínuo aos fatos”, afirmaram os pesquisadores responsáveis pela iniciativa.
Por ora, os cientistas querem restaurar o conteúdo censurado – como dados que apontam impactos desproporcionais das mudanças climáticas em comunidades historicamente desfavorecidas. Depois, com financiamento adequado, ter uma nova equipe editorial, relata o Deutsche Welle.
Lutando contra o avanço do negacionismo, mais de mil cientistas e especialistas americanos participaram de uma carta pública na última 3ª feira (16/9), na qual denunciam a Casa Branca por tentar reverter políticas de combate às mudanças climáticas, conta a Folha. Os especialistas apontam para a tentativa da Agência de Proteção Ambiental (EPA) de anular sua própria “Determinação de Perigo” de 2009 – o dispositivo reconhece os perigos dos gases de efeito estufa na saúde e bem-estar da população.
Como destacado no Guardian, especialistas têm comparado a ofensiva de Trump à ciência com regimes autoritários contemporâneos, como a Hungria e a Rússia. John Podesta, conselheiro de longa data de presidentes democratas, afirma para o AFP que os Estados Unidos devem não só se ausentar da liderança de debates climáticos na COP30, mas também fortalecer países como Arábia Saudita e Rússia, que tentam diluir suas ambições.
“Eles estão marginalizando a ciência. Ao mesmo tempo, estão exaltando a ciência lixo e o charlatanismo que ajudarão e sustentarão seus [apoiadores] bilionários e seus lucros”, afirmou Jennifer Jones, diretora do centro de ciência e democracia da Union of Concerned Scientists.
O posicionamento de Jones não é para menos. Como o site POLITICO abordou, em visita à Bruxelas na semana passada, o secretário de Energia de Trump, Chris Wright, afirmou que o perigo representado pelo aquecimento global é “exagerado”. A Europa vem sofrendo pressão para reduzir suas ambições climáticas e competir com países com padrões mais flexíveis, como os Estados Unidos e a China.
Em tempo: Um grupo de 175 pesquisadores da London School of Economics (LSE) enviaram uma carta ao primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, pedindo que ele “desafie veementemente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre sua abordagem imprudente às mudanças climáticas”. O documento alerta que as ações de Trump estão prejudicando vidas e meios de subsistência não só nos EUA, mas no mundo todo e destaca que o governo americano tem tentado interferir na política climática e energética do Reino Unido.



