PF faz operação contra corrupção no setor de mineração em MG

Organização criminosa lucrou R$ 1,5 bi e corrompeu servidores estaduais e federais para obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas.
18 de setembro de 2025
operação mineração minas gerais
Reprodução/PGM-BH

Minas Gerais é marcado pela mineração e por ser palco dos dois piores desastres ambientais já registrados no país, com o rompimento das barragens de Fundão, da Samarco, em Mariana, em 2015, e Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, em 2019. Dois projetos legalizados, comandados por grandes empresas, e que, além do passivo ambiental, até hoje não indenizaram todas as pessoas atingidas.

Mas a Operação Rejeito, realizada ontem (17/9) pela Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU), indica que o risco de que essas tragédias se repitam é muito maior do que se pensava. Segundo as investigações, uma organização criminosa corrompeu servidores de órgãos estaduais e federais de fiscalização e controle na área ambiental e de mineração para obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas, de acordo com O Globo. A operação tem apoio do Ministério Público Federal (MPF) e da Receita Federal.

Foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão e 22 mandados de prisão preventiva. Entre os presos está um dos diretores da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, informa a Folha. Também foi preso um delegado da PF em Minas Gerais, Rodrigo de Melo Teixeira. Servidores públicos sob suspeita de corrupção foram afastados.

No centro da organização criminosa está um trio empresarial que coordenava as operações através do grupo de WhatsApp denominado “Três Amigos Mineração”, detalha o Observatório da Mineração. O empresário Alan Cavalcante do Nascimento exercia a coordenação geral do grupo, controlando pagamentos de propina e articulando operações financeiras.

O ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages ocupava o cargo de “Diretor de Relações Interinstitucionais” da organização criminosa, responsável pela articulação política com autoridades. Helder Adriano de Freitas, sócio de Alan na empresa de mineração Gutesiht, atuava como “Diretor Operacional”, especialista técnico que elaborava contratos e coordenava operações minerárias junto aos órgãos ambientais.

A investigação demonstra que os três ampliaram exponencialmente as atividades criminosas após se tornarem réus na Operação Poeira Vermelha, de 2020, ao invés de cessar as irregularidades. Entre novembro de 2020 e maio de 2022, criaram dezenas de empresas de fachada e expandiram a rede de corrupção para múltiplos órgãos públicos.

O grupo criminoso teria obtido lucro de R$ 1,5 bilhão, além de ter projetos em andamento com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões. As autorizações fraudulentas eram utilizadas para usurpar e explorar irregularmente minério de ferro em larga escala, incluindo em locais tombados e próximos a áreas de preservação. O esquema gerou “graves consequências ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos”, afirma a PF.

A organização criminosa também atuou para neutralizar a ação do Estado, informam O Tempo e Estado de Minas, dificultando as investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversos artifícios para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas.

g1, CBN, Terra, Veja e IstoÉ Dinheiro noticiaram a operação da PF.

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