
A ainda pequena disponibilidade de infraestrutura para carregamento é apontada como um dos gargalos que freia o crescimento da frota de veículos elétricos no Brasil. Os dados mostram que a expansão dos pontos de recarga continua em ritmo acelerado. Mas a distribuição dessas unidades ainda é desigual, e a maior parte dela é de recarga lenta.
Dados da Tupi Mobilidade e da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que o país fechou agosto com 16.880 eletropostos. O número representa um crescimento de 59% sobre os pontos disponíveis em igual mês de 2024, informam Exame, Click Petróleo e Gás, Mecânica Online e Brasil 247. Na comparação com fevereiro, o aumento foi de 14%, segundo o Motor Show.
O detalhamento dos números, porém, expõe os obstáculos que ainda precisam ser superados. Dos eletropostos públicos e privados disponíveis no país, aqueles nos quais a recarga dos VEs demora de 5 a 12 horas somam 13.025 unidades, ou 77% do total. Já os que carregam em até 20 minutos representam apenas 23% (3.855).
Além disso, há uma distribuição irregular. Há pontos de recarga em 1.499 cidades brasileiras, e o Sudeste contempla quase metade dos pontos de recarga, com 7,9 mil pontos. O estado de São Paulo abriga 4.678 unidades, mas é o maior mercado de eletrificados, com a participação de 30,9% da frota que circula no Brasil.
A frota de veículos eletrificados plug-in no Brasil totalizou 302.225 unidades em agosto. Ou seja, há uma relação de quase 18 veículos por eletroposto, segundo a ABVE. Mas, para Júnior Miranda, CEO e cofundador da GreenV, empresa especializada na instalação de pontos de recarga, o Brasil deveria ter pelo menos um eletroposto para cada 10 veículos eletrificados plug-in.
A Petrobras pode assumir um papel fundamental na expansão de eletropostos em todo o país. É o que mostra o documento “A Petrobras de que precisamos”, lançado nesta semana pelo Observatório do Clima, com propostas para que a petrolífera se torne uma empresa de energia de verdade, transferindo seus investimentos em petróleo e gás para fontes renováveis e combustíveis de baixo carbono.
A petrolífera vendeu a BR Distribuidora em 2021, e sua gestão atual estuda voltar à distribuição de combustíveis. Mas, com a projeção de queda da demanda por petróleo a partir de 2030 e a crescente participação de veículos elétricos no mercado brasileiro – a ABVE prevê um novo recorde de vendas em 2025, com 200 mil unidades, segundo o News Motor –, a instalação de pontos de recarga, inclusive em regiões onde a oferta é baixa ou inexistente, é uma chance para a Petrobras voltar com força total nesse segmento, sugere o OC.



