COP30: Brasil mira novas NDCs e fundo para florestas em Nova York

Assembleia Geral da ONU e Semana do Clima de Nova York podem ser decisivas na definição dos caminhos e possibilidades da COP30.
22 de setembro de 2025
cop30 brasil mira novas ndcs e fundo para florestas em nova york
Ricardo Stuckert/PR

A semana será agitada para o presidente Lula e representantes do governo brasileiro nos EUA. Além da Assembleia Geral da ONU, o Brasil participará ou organizará eventos no âmbito da Semana do Clima de Nova York de olho na COP30. Entre as prioridades do Brasil, estão a apresentação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) para governos e investidores, e um apelo aos países para apresentarem o quanto antes suas novas metas climáticas, as novas NDCs, ao Acordo de Paris.

Como Folha e UOL apuraram, Lula deve participar nesta 3ª feira (23/9) de reunião para promover o TFFF. Apesar de não adiantar detalhes, o governo já confirmou que será o primeiro investidor do fundo, com um valor para padronizar os investimentos que virão depois. Já anunciaram interesse no fundo países como Alemanha, Noruega, Reino Unido, Singapura, China e Singapura e Emirados Árabes Unidos.

O TFFF foi estruturado por especialistas do governo brasileiro para servir como um fundo de investimento, no qual os investidores (países e entidades privadas) recebem parte dos rendimentos. Outra parte será revertida a nações com florestas tropicais que cumpram os requisitos de preservação ambiental impostos pelo fundo.

Para começar a funcionar, o fundo necessita de US$ 25 bilhões (cerca de R$ 132 bi) em compromissos de investimentos por parte de nações ou entidades filantrópicas. O governo brasileiro se esforça para que esse montante seja atingido até novembro, na COP30. O plano prevê um total de US$ 125 bilhões – sendo US$ 100 bi de investimento privado.

O Brasil também aproveitará a Assembleia Geral e a Semana do Clima de NY para incentivar os demais governos a apresentarem suas NDCs antes da COP30. Como o Valor observou, até agora, apenas 38 países divulgaram suas novas metas climáticas, um número muito baixo frente às quase 200 nações signatárias do Acordo de Paris.

Para isso, Lula organiza um evento de alto nível com o secretário-geral da ONU, António Guterres, com o objetivo de reforçar o apelo pelas NDCs e pelo aumento da ambição dos novos compromissos climáticos dos países.

Ao Valor, o administrador-assistente do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD), o brasileiro Marcos Neto, disse esperar que as novas metas nacionais sejam “muito melhores” do que os compromissos atuais.

“[A projeção de aumento da temperatura do planeta] vai cair mais agora, porque a gente sabe, e eu posso dizer categoricamente por causa do papel que a gente está desempenhando desde [a COP de 2021, em Glasgow], que essa versão 3.0 dos NDCs é muito melhor”, disse Neto. A ver.

Outro assunto na agenda é a apresentação de um relatório elaborado pelo Conselho do Balanço Ético Global (BEG), liderado pela presidência da COP30 e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. De acordo com o Valor, o documento trará sugestões recolhidas ao longo do ano de cientistas, lideranças empresariais, políticas, religiosas e da sociedade sobre a crise climática. O relatório também será entregue a chefes de estado durante a Pré-COP, que acontecerá em outubro em Brasília (DF).

Times Brasil, Platô Br e Pará Terra Boa também falaram sobre as expectativas para a atuação brasileira nos eventos em Nova York.

  • Em tempo: Para o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, a atuação negacionista do governo dos EUA tem aberto mercado para a China, que vê lucro na sustentabilidade. “Estamos diante de uma situação interessante, porque a China abraçou essa agenda e está com as tecnologias mais avançadas e com os resultados mais impressionantes”, disse em entrevista ao Valor.

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