Pescadores de Marajó protestam contra exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Ação reuniu 16 embarcações exibindo faixa com a mensagem “COP30: Amazônia de pé, petróleo no chão”.
22 de setembro de 2025
protesto pescadores de marajó
Divulgação

Pescadores artesanais da comunidade de Jubim, na Ilha do Marajó, realizaram um protesto no domingo (21/9) contra a exploração de petróleo e gás na Foz do Amazonas. A ação ocorre sob a expectativa de obtenção pela Petrobras da licença para a perfuração de um poço de exploração de petróleo no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas.

A ação reuniu 16 embarcações em uma linha simbólica no rio, exibindo uma faixa com a mensagem: “COP30: Amazônia de pé, petróleo no chão”, informam g1, CBN, AM Post, Notícia Marajó, Click Petróleo e Gás e AC24horas. Faltam menos de dois meses para a conferência do clima em Belém, que fica praticamente em frente a Marajó, do outro lado do Rio Amazonas.

Os pescadores afirmam que a abertura de uma nova fronteira de exploração de petróleo na Foz do Amazonas ameaça diretamente os ecossistemas marinhos e a segurança alimentar da comunidade, que depende da pesca para sobreviver. Um vazamento de petróleo ou a presença da indústria petrolífera pode comprometer a qualidade da água, afastar os peixes e destruir modos de vida tradicionais, reforçam.

“A comunidade de Jubim vive um momento muito preocupante. Quando os navios de grande porte passam pelo rio já levam nossas redes. Se o petróleo avançar, a vida dos pescadores artesanais do Marajó ficará ainda mais ameaçada”, disse o pescador e pesquisador da UFPA Nelson Bastos.

O protesto dos pescadores de Marajó integra a campanha internacional “Draw the Line / Delimite”, que reúne mais de 600 mobilizações em 90 países às vésperas da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. A mobilização busca pressionar por medidas reais de enfrentamento à crise climática e marcar oposição a novos projetos de combustíveis fósseis.

O impacto da exploração de petróleo na Foz do Amazonas vai além do poço da Petrobras no bloco 59; ele começa na mentalidade que cria a oposição entre “civilização” e “barbárie ecológica” e no legado que está sendo criado. A análise é de Celso Sánchez, biólogo, professor da UNIRIO e coordenador do Grupo de Estudos em Educação Ambiental Desde El Sur GEASur, e Alberto Calil Elias Junior, também professor da UNIRIO e pesquisador do Observatório de Educação Ambiental de Base Comunitária do Rio de Janeiro.

“Que mundo estamos querendo construir e deixar para nossos filhos e netos e para nós mesmos? O impacto é também sobre onde vão se instalar as empresas que vão receber o petróleo e queimá-lo, onde, quando e como vão viver os que viverão para furar a Terra? Não queremos falar só dos manguezais e dos biomas e ecossistemas recém-descobertos como os corais na Foz do Amazonas e as verdadeiras bibliotecas de vida que representam, mas entender o que vamos deixar de lição para os que nos veem optar por seguir matando a Terra”, frisam os especialistas n’(o)eco.

  • Em tempo: A Petrobras foi convidada para o lançamento do relatório “A Petrobras de que precisamos”, do Observatório do Clima, com propostas para a empresa se tornar uma empresa de energia e liderar uma transição energética justa de verdade. A empresa, porém, não respondeu nem apareceu. Mas seus gastos em greenwashing continuam a toda, a despeito da ausência quase total de investimentos em transição energética. A empresa tem buscado ativamente influenciadores da área ambiental para tentar melhorar a sua imagem junto ao público que se preocupa com os efeitos dos combustíveis fósseis na mudança climática, explica Juliana Aguilera, do ClimaInfo, na Agência Pública. Desde o início de julho, a equipe de influenciadores da campanha publicitária da petrolífera sobre transição energética justa acumulou mais de 200 milhões de visualizações em suas postagens sobre a Petrobras somente no Instagram, além de quase 3 milhões de curtidas. Os perfis de influenciadores estão diretamente ligados ao público que a Petrobras tenta sensibilizar. Segundo uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), com participantes de 15 a 28 anos, a maioria dos jovens prefere se informar em plataformas virtuais, sendo 38,30% optantes pelas redes sociais. Já o Instagram foi a principal rede social usada pelos brasileiros para se informar em 2024, de acordo com o relatório do Aláfia Lab de 2025.

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