
Um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado no último dia 18 indicou a condição anormal de dois terços das bacias hidrográficas do mundo. Segundo a análise, devido às mudanças climáticas globais, os ciclos hídricos estão em desequilíbrio, seja por excesso ou escassez de água.
O documento traça um panorama da condição hídrica no mundo. Pela 3ª vez consecutiva, todos os glaciares monitorados perderam massa – o equivalente a 190 milhões de piscinas olímpicas sendo jorradas nos oceanos, contribuindo para a elevação do nível do mar. O sul da África sofreu com secas severas, enquanto na Ásia ciclones recordes causaram destruição em larga escala. A Europa e o Sahel, na África Ocidental, foram atingidos por chuvas intensas e inesperadas.
“[A mudança de padrões] está ameaçando a segurança alimentar, energética, sanitária e humana em todo o mundo e custa milhares de milhões de dólares e vidas”, afirmou Patience Mukuyu, analista político e líder da WaterAid no Euronews.
“A água sustenta nossas sociedades, movimenta a economia e é essencial para os ecossistemas. Mas está cada vez mais sob pressão. Sem dados confiáveis, estamos voando às cegas”, alerta a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo. Hoje, estima-se que 3,6 bilhões de pessoas não tenham acesso frequente à água, segundo a ONU. O número deve aumentar para mais 5 bilhões em 2050.
O documento salienta que 2024 foi o ano mais quente já registrado, com temperatura média de 1,55oC acima dos níveis pré-industriais. O calor intenso do último ano impactou quase todos os 75 principais lagos analisados pela OMM, comprometendo a qualidade de suas águas.
Entre os destaques da análise, estão dois eventos extremos observados no Brasil em 2024: a seca extrema da Amazônia, com início em 2023, que comprometeu 59% do território nacional; e a enchente histórica do Rio Grande do Sul, que causou a morte de 183 pessoas e deixou milhares desabrigados. A CNN Brasil deu mais detalhes.
g1, Deutsche Welle e Um Só Planeta também repercutiram o relatório.Em Tempo: O Irã atravessa há cinco anos uma de suas piores secas da história. Como o Guardian abordou, o país vive um colapso lento, gradual e constante de seus recursos hídricos, que começa a afetar não apenas o consumo de água, mas também a oferta de eletricidade; em Teerã, os apagões diários se tornaram constantes. A queda constante dos níveis de chuva se soma ao consumo excessivo, principalmente na agricultura, além da extração ilegal de águas subterrâneas. Neste verão, 19 barragens iranianas retiam água correspondente a entre 3% e 15% de sua capacidade.



